QUAIS AS RAZÕES QUE LEVARAM AS AD'S AO ARREFECIMENTO NA PLANTAÇÃO DE NOVAS IGREJAS E NO AVANÇO MISSIONÁRIO NO NORDESTE?



QUAIS AS RAZÕES QUE LEVARAM AS AD'S AO ARREFECIMENTO NA PLANTAÇÃO DE NOVAS IGREJAS E NO AVANÇO MISSIONÁRIO NO NORDESTE?
(Luciano Costa)
Introdução: Problematizar a questão missiológica das AD's no Nordeste é um tanto quanto complexo, dada a sua relevante presença geográfica e histórica no mesmo, todavia, se faz necessário uma abordagem mais apurada e realista sobre a cosmovisão assembleiana sobre o desafio missionário no Nordeste, principalmente nas pequenas cidades, distritos e povoados inalcançados que ainda existem.
I- É necessário o levantamento de algumas hipóteses para tentar compreender esse fenômeno. Antes de qualquer conclusão ou assertiva sobre esse tema, reconheço sobremodo a contribuição e esforço dessa igreja para levar as boas novas nessa região. Leigos e voluntários levaram ao logo das décadas do Século XX o Evangelho através dessa denominação. Intrépidos, ousados, e abnegados homens e mulheres de Deus fizeram muito pelo Reino dentro de uma cosmovisão assembleiana. E mesmo nesse início de Século XXI as AD's continuam empenhadas em evangelizar, todavia, houve um arrefecimento na intensidade, na dinâmica e no voluntariado de obreiros leigos, plantadores de novas igrejas e envio de missionários transculturais. Quais explicações poderíamos encontrar para esse fenômeno??

II - A institucionalização traz inerentemente outras pré-ocupacões, provocando a multiplicação de esforços e recursos para auto- sustentá-la e fazer seu cronograma de funções e atividades se manterem funcionado.

A burocratização de alguns aspectos administrativos podem levar a retração da força dos obreiros leigos que sentem-se chamados para irem ao campo plantar novas igrejas. Como tudo passa a ser planejado e orçado (e não pode nem deve ser diferente) o aspecto missiológico as vezes não entra no orçamento, não está nos planos, da expansão denominacional, há novos templos sedes a serem construídos, novas congregações a serem ampliadas.
Todo esse processo da "máquina" institucional consome muitos recursos humanos e financeiros, energia, planejamento, e novas plantações de igrejas em áreas que não são muito "promissoras" acabam sendo adiadas e/ou esquecidas.
Não há um planejamento sobre como alcançar esses lugares com menos de 1% de evangélicos no Sertão nordestino. Há sim debates, fóruns, ações isoladas em alguns lugares, mas não temos um projeto a nível de região e nem uma agenda de plantação de novas igrejas para suprir essa necessidade.É uma característica nossa “assembleiana”, não planejar nossas ações missionárias. Nossas ações não são planejadas, apenas "direcionadas" por Deus.
É claro aqui não é uma crítica velada, que o Espírito Santo tenha a liberdade de separar e enviar nossos obreiros para a obra que Ele quiser, mas a nos compete a logística de impor as mãos (responsabilidade, comprometimento, cumplicidade, ação orientada por Deus e planejada pela igreja). O que Deus começou não o estrague o homem! Muitos projetos são projetos de Deus, foram iniciados pela sua vontade e querer, mas a falta de planejamento e engajamento por parte da igreja acaba por “sufocá-los” ou torná-los impraticáveis!

II- O próprio fator do crescimento gigantesco da denominação pode ter provocado o arrefecimento.
Ora, se já somos a maior denominação brasileira pentecostal, estamos indo muito bem, obrigado! Mas essa análise superficial, ou esse ufanista, acaba por atrapalhar e tolher nossos esforços missionários. Se não levantarmos nossos olhos não veremos nosso "quintal" branco para a colheita. E olha que estou falando de algo extremamente visível, o quintal de nossa casa!
As vezes estamos olhando para o outro lado do mundo, mas ainda não nos sensibilizarmos com àqueles que estão em nosso entorno. Os desafios da evangelização dos povos minoritários no Nordeste deveriam ser colocados nas pautas das Convenções, AGO’s, Fóruns, Congressos Missionários e afins. Deveríamos elaborar uma agenda missionária para podermos avançar e multiplicar nossos esforços no sentido de plantar e revitalizar novas igrejas.
A igreja nordestina é numerosa, cheia de recursos e diversa, mas está preocupada em alcançar os povos não evangelizados que estão em seu próprio contexto e região?
Se não? Por que não enxergamos esse desafio gigantesco que está sob nosso olhos?
Aonde nossa intencionalidade missionária arrefeceu?
III- Nossa missiologia é personalista.
O que quero dizer com isso? Que a visão de cada igreja será relativamente proporcional ao pastor que a está pastoreando nesse tempo presente. Podendo vir a deixar de existir, repito, podendo deixar de ser relevante se este sair do pastoreio da mesma. Muitos projetos missionários, bons, extraordinários até, são sepultados no culto de posse do novo líder que chega àquela igreja. Novas plantações de igrejas são abortadas, muitas vezes pela mesma razão!
Esse modelo personalista não promove um conscientização consistente na igreja, não gera uma consciência duradoura e que amadureça com o decorrer dos anos. Há repetidos processos de rupturas na construção dessa cosmovisão missionária, e assim sendo a igreja acaba perdendo o interesse pela temática, buscando apenas a superficialidade na práxis missionária.
Então, se os próprios líderes divergem sobre a relevância dessa temática, ora supervalorizando-a, outro momento relegando-a a apenas um culto de missões na igreja?  Como pode essa igreja olhar e identificar os desafios que estão no seu entorno? Essa igreja ou grande parte dela continuará caminhando indiferente e feliz para dentro de suas próprias prioridades. As quais, certamente não envolverão uma cosmovisão bíblica sobre missões!
Qual a proposta para mudar essa realidade?
IV- Uma igreja só vai até onde sua visão alcança.
A falta de visão dessa igreja ou a sua miopia pode ter várias causas. Não é simples diagnosticar rapidamente essas diversas causas. Posso até elencar algumas aqui, que são mais patentes e gritantes, mas sempre haverá algo mais que vai de um contexto para o outro.
A falta de uma cosmovisão bíblica e missionária traz sérios distúrbios sobre essa igreja.
Outro dia pensando sobre a ação missionária da igreja, cheguei a seguinte conclusão: "Uma boa missiologia está ligada a uma boa eclesiologia, isto é, uma igreja consciente de sua missão nesse mundo, é primeiramente uma igreja que sabe quem ela é! A identidade da igreja precede a missão! Se ela não sabe a que veio e nem para quais propostos está nesse mundo, como cumprirá sua missão"?
A falta de um ensino bíblico teológico com viés missiológico tem deixado a igreja a mercê de muitas ocupações que acabam roubando sua energia, tempo, recursos, e etc.  Temos realizado e nos gastado fazendo e priorizando tantas coisas e algumas até que Deus não nos mandou fazer!
V- Mobilizar, Envisionar, Treinar e Capacitar e Enviar-Sustentar uma "força tarefa" missionária nordestina para alcançar os desafios desse tempo.
Acredito muito no potencial da igreja nordestina, para cumprir sua missão evangelizadora-discipuladora para essa geração. Mas esse movimento não acontecerá se apenas um "punhado" de líderes se propuseram a orar, debater, planejar essas ações! Claro que é nos pequenos começos que se originam e se alcançam grandes avanços! O que quero dizer é que não podemos ficar apenas nos "pequenos começos".
Sem o engajamento das lideranças dos grandes centros, das grandes igrejas, continuaremos fazendo a nossa parte é claro, mas o desafio continuará quase que intocado, pelo potencial que temos poderíamos sugerir até um cronograma de plantação de igrejas por Estados do NE, onde cada estado iria mapear suas áreas mais críticas, sem presença de crentes ou sem igrejas, para planejar o envio de casais ou famílias para minimizar esse contraste. Enquanto temos igrejas ricas e superlotadas, a menos de 50km temos distritos e povoados sem nenhuma oportunidade de ouvir o evangelho... Por que não alcançamos essas comunidades?
Será que uma igreja com 200, 300 membros não pode ter uma filha para cuidar numa comunidade rural? Sustentar e enviar uma família missionária no sertão? Num quilombola? Numa comunidade cigana?
Será que não podemos dar um salário mínimo e um mínimo de condições e apoio para plantar uma nova igreja? Sem falar que a vitalidade que igrejas chegam a ter, quando plantam novas igrejas, elas se rejuvenescem! Bom, talvez alguém diga você é um sonhador! Tá sonhando! Sonho mesmo com uma igreja apaixonada por missões, por uma liderança apaixonada por missões!  Por um despertamento missionário nas nossas queridas AD's.
VI- "Aonde estiver o vosso coração aí estará o vosso tesouro"!
Talvez eu fuja um pouco da exegese bíblica, mas essa máxima pode muito bem se aplicar a realidade a igreja no NE. Onde estão os nossos maiores investimentos?
Como elencamos nossas prioridades orçamentárias? Quase sempre na questão do envio e da plantação de novas igrejas barramos no quesito " não temos condições" para tal.
Mas pergunto para ampliação do estacionamento? Para a construção do novo templo sede?
Para a ampliação daquela congregação daquele bairro de pessoas mais favorecidas? Para aquele evento do departamento tal? Para a celebração do Aniversário de 50 anos, 75 anos, etc....?
Espero não ser mal interpretado, sou pastor de igreja local e também promovemos isso em nossa congregação, todavia, o que essa cultura diz sobre nosso "tesouro"?

O que diz sobre nossas motivações? Então, não é que o desafio seja grande demais, é que estamos alimentando o "gigante" ao invés de confrontá-lo!
Urge a necessidade das AD's no NE se mobilizarem e criarem uma verdadeira "força tarefa" para vencermos esse "gigante" do desafio da plantação de novas igrejas e da evangelização dos povos minoritários que são nossos vizinhos!
Não podemos mais fazer "vistas grossas" e acharmos que o desafio não é nossa responsabilidade, temos sim, como líderes, que nos mobilizarmos e somarmos esforços, traçarmos metas, objetivos a serem alcançados coletivamente e localmente por cada Convenção e igrejas afiliadas.
Somente tendo essa compreensão podemos criar um “cultura missionária” comprometida com o desafio que nos "afronta" há décadas! Não podemos nos omitir nem terceirizar nossa missão.
Deus está em missão no NE, não podemos ficar de fora, se outras regiões do Brasil estão de olho no Nordeste, por que nós que aqui estamos e somos filhos desse chão, passaremos de largo e não nos colocaremos na brecha?

(Luciano Costa)
9 de maio de 2019. Fórum de Missões. Maceió -Alagoas.

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AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA



AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA
(Mas acredito que conseguiremos fechar algumas igrejas locais, se não atentarmos para...).
(Luciano Costa)

É indiscutível a questão do que Jesus falou em sua Palavra! As portas do Hades (Mateus 16.18) jamais prevaleceram ou irão prevalecer sobre a sua amada igreja! Isto é fato! Minha abordagem nesse breve texto irá se reportar a uma observação que tenho feito, que venho meditando, ouvindo, analisando!

Escuto muitos de uma geração que está passando, falando de seus feitos na obra do Senhor! Como se esforçaram para promover o Reino de Deus em suas comunidades, sítios, povoados, cidades.  Como não mediam esforços para tal. Ouço a nostalgia deles, escuto suas lagrimas quando falam do que fizeram e hoje já não podem mais fazer, a idade, as enfermidades as limitações da vida os impossibilitam, mas você sente que o coração deles gemem em contemplar as necessidades da obra do Senhor hoje. Mas eles estão passando o “bastão” para uma outra geração!

Agora, sim chego ao ponto que me preocupa, embora creia na onipotência de Deus e no cumprimento de todos os seus desígnios, e saiba que a sua igreja é triunfante nesse mundo, que ela é protegida e guardada por Ele, todavia, há um aspecto da obra de Deus que nos diz respeito, que Ele confiou a nós.

Há uma geração que está passando o bastão, há outra que deveria estar assumindo a sua responsabilidade! Há uma geração que precisa viver o seu tempo, entender o kairós de Deus. Contudo, percebo uma displicência quanto a nossa geração, sobre o legado que nos está sendo repassado, sinto que nós não queremos nos comprometer tanto, não queremos sofrer tanto assim, não queremos passar pelo os que nos antecederam passaram, ficamos seguros em dizer: “Os tempos mudaram! Hoje não precisa mais ser assim! Nós sabemos lidar melhor com os desafios da obra do que eles!”. Será?
O Darrin Partrick, autor do livro “O Plantador de Igreja”, tem um vídeo no youtube, no qual ele trata sobre uma igreja que surgiu no Século XIX, que impactou aquela comunidade, que evangelizou a sua geração, àqueles que estavam ao seu alcance, mas que ao passar duas gerações ela fechou as portas e hoje é apenas uma museu que conta a sua própria história.

Essa mesma história está repetindo em muitos lugares! Qual seria a causa? Segundo o autor do livro citado, a questão é que está faltando homens! Precisamos investir em nossos jovens! Investir em líderes que amadureçam e sejam idôneos para liderar e servir a igreja. Temos uma geração de rapazes que nunca deixam de ser meninos! Aquela igreja “fechou” porque não teve mais líderes, não houve mais homens para conduzirem a obra de Deus.

Essa tem sido a minha preocupação hoje, entre tantas como líder-pastor. Observo os nossos jovens, os rapazes e percebo que muitos não querem envolvimento com as atividades da igreja como liderança, missões, ensino, pregação. Muitos preferem o louvor, ou outras atividades, mas aquilo que vai exigir deles um maior comprometimento (e ai entenda, estou falando de liderança) eles dizem que não foram chamados para isso!

A grande questão é: Deus não continua vocacionado líderes entre nossos jovens hoje! Ou como disse Samuel, “Acabaram-se os mancebos”! Uma geração está passando, outra está chegando, mas como estamos chegando? Com qual disposição? Com qual nível de comprometimento com Deus e com a sua obra? O “bastão” está ai, quem vai segurá-lo?

As portas do inferno não prevalecerão, é verdade, mas nos devemos prevalecer em nome do Senhor Jesus! Nossas pequenas igrejas locais devem prevalecer! Como iremos prevalecer?

Precisamos rever o nosso discipulado.
Precisamos investir em ensino, mais do que em grandes eventos.
Precisamos apoiar os vocacionados na igreja e da igreja.
Precisamos treinar e mentorear novos líderes.
Precisamos como pais ensinar aos nossos filhos a se tornarem homens tementes a Deus.
Precisamos parar de ver o ministério pastoral e missionário como uma sacrifício para poucos (quase uma exclusividade para heróis).
Precisamos ser exemplo de líderes para nossa geração.
Muitas mais poderá ser dito sobre essa crise de homens e líderes, mas não quero trazer um longo texto senão uma breve reflexão. Que busquemos ver com temor e tremor essa questão.
Qual contribuição como líderes estamos dando para a próxima geração e como estamos passando o bastão para a ela?










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Por Uma Cosmovisão Bíblica...




“Por vezes, a igreja se ocupa na proclamação do evangelho, e se esquece de demonstrá-lo. Dizemos as palavras, mas não as vivemos. Frequentemente nossas vidas como cristãos são ineficientes porque reduzimos o evangelho às boas novas para a eternidade, nos esquecendo das boas novas para hoje. Repetidas vezes compreendemos nossas vidas como tendo duas partes distintas e separadas: a parte espiritual da vida e o restante da vida, nosso tempo nas atividades religiosas e nosso tempo na escola e trabalho. Reduzimos o cristianismo à esfera pessoal e particular, vivendo nossas vidas diárias de maneira pouco diferente das outras pessoas em nossa sociedade”. (Darrow L. Miller) 

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O PERFIL DO PLANTADOR DE IGREJA NO SERTÃO.


O PERFIL DO PLANTADOR DE IGREJA NO SERTÃO.
Introdução: Tratar sobre a perspectiva sertaneja de plantação de igrejas se constitui um grande desafio, pois, embora sempre se tenha feito isso, pouco tem se debatido sobre o como se faz! São poucos autores que tem se dedicado a pesquisa, estudo e produção de referencial teórico sobre essa temática. Contudo se pretendemos obter êxito no processo de plantação e revitalização de novas igrejas no Sertão, precisamos sentar, debater, analisar, ponderar e estudar estratégias e metodologias a partir do texto bíblico para podermos expandir o Evangelho nesse contexto. Entendo que o plantador de igrejas é um elemento chave, uma peça fundamental no processo da plantação de novas igrejas; se essa “peça” não estiver bem trabalhada, bem treinada, e a menos que o mesmo tenha a convicção de seu chamado, poderá o mesmo não conseguir êxito no propósito de plantar igrejas pelo sertão!
I – Antes de tentarmos abordar quais características deve ter o plantador de igrejas no Sertão, se faz necessário apontar quais equívocos as vezes cometemos no processo de escolha-envio de um plantador de igreja:
a)      Escolher homens com talentos, mas sem um caráter cristão.
b)      Escolher pessoas que são próximas (amigos, parentesco) e confiar-lhes uma tão sublime tarefa.
c)      Não considerar a avaliação do suposto chamado desse obreiro. (é realmente uma pessoa vocacionada para isso?).
d)     Vejamos o que Darrin Patrick, relata em seu livro “O Plantador de Igreja – O homem, a mensagem, a missão”.
“Descobri que a principal pergunta com que tanto liberais como conservadores muitas vezes começam o processo não é: Este homem é cristão? Mas: Este homem pode fazer a igreja crescer? Essa questão principal é reveladora, e nos alerta para uma das razões por que há tantos homens que estão implantando e liderando igrejas mas não têm uma relação salvífica com Jesus Cristo”. (PATRICK. 2013).
II – O plantador precisa ser um homem resgatado.
“Ninguém, não importa quão habilidoso seja como orador, quão talentoso como líder, ou quão numerosos sejam seus distintivos teológicos, deve tomar para si a incumbência de pastorear a igreja de Jesus sem antes ter experimentado o poder salvífico do Pastor, em quem transborda a graça. Mesmo que um pastor/plantador de igreja seja um homem bom ou talentoso ou inteligente, o que ele precisa ser, antes de qualquer coisa, é um homem resgatado”.  (Darrin Patrick).
III - O plantador precisa ser um homem chamado.
“Jeremias é uma ilustração de como é ser chamado ao ministério pastoral. O ministério não é somente difícil, é algo impossível. E a não ser que tenhamos um fogo em nossos ossos nos compelindo, simplesmente não sobreviveremos. O ministério pastoral é um chamado, não uma carreira. Não é um trabalho que você exerce só porque gosta de atenção...” (Jr 20.9)


IV- Precisa ser um homem dependente de Deus. 
Temos dificuldade de aplicar isso na prática. Procuramos muitos meios de podermos ser producentes, sem contudo, entendermos que somos totalmente dependentes de Deus para fazer a sua obra.   “Nós nos tornamos mais dependentes quando reconhecemos a verdade do lema de Francis Schaeffer em nosso próprio ministério: “o que estamos fazendo não é apenas difícil – é impossível”. Para muitos de nós responder à pergunta “Estou vivendo em dependência de Deus?” é uma tarefa difícil.
Vou trazer algumas perguntas extraídas do livro O Plantador de Igreja:
1)      O que quero mais – conhecer a Deus ou realizar coisas para Deus? Alguns versículos para meditar: Filipenses 3.10; Êxodo 33.13; 1 Timóteo 4. 6-10.
2)      Quando foi a última vez que o Espírito Santo me impeliu a fazer algo? Versículos para meditar: João 4. 7-19; Atos 16.6-10.
3)      Estou consistentemente convencido de pecados em minha vida? Versículos para meditar: Hebreus 12. 5-11; João 16. 7,8; 1 João 3.9.
4)      Estou consistentemente aceitando o fato de que sou aceito por Deus por meio de Cristo? Versículos para meditar: 2 Coríntios 5. 17,21.
5)      Para onde vão meus pensamentos quando não sou forçado a pensar em algo especifico? Se sua mente vai imediatamente para o seu passatempo favorito, algo está errado! 
“É certo que não há fórmulas para aplicarmos sobre a nossa dependência de Deus; cada um sabe exatamente aonde deve se render a Cristo, quais áreas ainda não foram entregues, quais vontades ainda prevalecem, quais desejos ainda teimam em destoar o propósito sublime de Deus. A total dependência dEle nunca é algo acabado e pronto, é um morrer diário, é levar a cruz de cada dia, e a cada dia morrermos e sempre precisamos morrer para algo!” (Luciano Costa)
V- Em seu livro “Missionários para o Sertão Nordestino – desafios, capacitação e evangelização integral”, o pastor e professor Ildemar Nunes de Medeiros nos aponta alguns desafios que o missionário no contexto rural deve enfrentar:
1-      “Nesse contexto, os missionários devem estar preparados psicologicamente para suportar a ausência de recursos e de conforto encontrados em cidades maiores. Devem aprender a viver de maneira simples, buscando identificar-se com a comunidade para que, pelo testemunho pessoal, tenham credibilidade e, consequentemente, autoridade na pregação e ensino das Sagradas Escrituras”. (MEDEIROS. 2013).
2-      É necessário o missionário ser relacional. “Nesse contexto interiorano, os moradores facilmente conhecem uns aos outros e, quando alguém de fora chega, logo toda a comunidade toma conhecimento. (..) Os missionários enviados para o sertão nordestino terão, portanto de aprender a viver de modo relacional, sendo sociáveis e transparentes com os crentes e descrentes. Saber ouvir, observar, falar, dialogar e estabelecer a conversação é uma capacidade essencial em um contexto em que as relações interpessoais são muito fortes. Devem se deixar conhecer, contando histórias sobre a sua própria vida, como também buscar conhecer aqueles que desejam alcançar para Cristo... Desprezar esse aspecto da vida da comunidade é incorrer em grave erro e colocar a si mesmo em desvantagem”.
3-      O caráter do missionário precede todo e qualquer preparo, dons, talentos e habilidades. “Vale ressaltar um aspecto importante nesse processo de interação social a integridade moral do missionário. O homem do interior, em especial o sertanejo, dá um grande valor ao caráter das pessoas e certamente não aceitará o Evangelho se as ações e as atitudes dos missionários não forem condizentes com aquilo que eles pregam e ensinam”.
VII – Conceituando os termos, segundo Ronaldo Lidório em seu recém lançado livro, publicado pela Editora Cultura Cristã: “Plantando Igrejas”.
Igreja Local: Um grupo de pessoas transformadas pelo evangelho, comprometidas com Deus e umas com as outras por meio da obediência a Cristo e expressando os essenciais de uma comunidade cristã (Atos 2. 42-47).
Plantador de igrejas: Uma pessoa que, dirigida pelo Senhor, intencionalmente facilita a formação de igrejas locais.
Igreja autóctone: Uma igreja que possui autonomia para decidir e organizar a vida do grupo, bem como recursos humanos e financeiros para as demandas diárias.
# estratégias para plantação de igrejas no sertão:
1-      A oração é imprescindível no processo de planejamento e direcionamento para a plantação de novas igrejas. Em Atos 13, percebemos a igreja orando e jejuando e o Espírito Santo manifestando sua vontade e direção para a mesma! De igual sorte precisamos depender de Deus para tomarmos a iniciativa de enviar pessoas para plantar novas igrejas.
2-      A pessoa do plantador é uma peça chave para o processo. Este deve realmente ser convertido, ter o caráter cristão. Ser chamado especificamente para esse propósito. Ter habilidades para liderar e treinar pessoas para exercerem o trabalho na obra do Senhor.
3-      O apoio incondicional da igreja mãe enviadora e multiplicadora. É necessário dá ao plantador de igreja as condições necessárias par a execução do plantio, desde o seu envio chegada e estada no campo a ser evangelizado.
Finalmente, acredito que o perfil do plantador de igreja no sertão, é definindo através da convicção do chamado desde, de ser uma pessoa realmente regenerada, com um caráter cristão, que depende de Deus para sua ação missionária. Mas que também se permite ser trabalhado-ensinado em sua práxis missionária. Ninguém melhor do que um sertanejo treinado, bíblica e teologicamente para plantar igrejas no Sertão!

BIBLIOGRAFIA

PATRICK, Darrin. O Plantador de Igreja – O homem, a mensagem, a missão. Editora Vida Nova. São Paulo.2013.

MEDEIROS, Ildemar Nunes. Missionários para o Sertão Nordestino – Desafios, capacitação e evangelização integral. Betel Publicações. João Pessoa-PB. 2013.

LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas. 2ª edição revista e ampliada. Editora Cultura Cristã. São Paulo. 2018.

Luciano Costa. (II Fórum de Missões Rurais do RN – Caicó-RN) 16 e 17 de abril de 2019.

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EMITES - Escola Missionária de Treinamento Estratégico para o Sertão. Chega a sua 7ª Edição.


Acontecerá em julho de 2019, mas precisamente no período de 19 de julho à 1º de agosto de 2019, a sétima edição da EMITES. A EMITES é uma escola missionária de férias que tem acontecido no Sertão do Seridó. A mesma já tem treinado centenas de jovens e casais,e alcançado milhares de vidas com uma evangelização contextualizada e voltada para o o publico sertanejo. " Portanto,esperamos você nessa sétima edição que está com um Tema muito abrangente e profundo para estudarmos e pormos em prática: " Teu Reino, Tua Vontade... por uma Cosmovisão Bíblica do Reino". Reserve logo sua vaga! Viva intensamente seu chamado! ( Luciano Costa)

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