A MENTALIDADE RELIGIOSA DE ESCRAVO – QUANDO A RELIGIOSIDADE NOS TIRA A ALEGRIA DE SERMOS FILHOS DE DEUS!
A
MENTALIDADE RELIGIOSA DE ESCRAVO – QUANDO A RELIGIOSIDADE NOS TIRA A ALEGRIA DE
SERMOS FILHOS DE DEUS!
Luciano Costa
Uma análise do texto de Lucas 15.25- 32.
Quando falamos sobre a
parábola do filho pródigo, logo nos vem à mente o personagem do filho mais
novo, que denota a mentalidade de alguém que não analisa as consequências de
suas escolhas, nem pondera o resultado de suas decisões! Todavia, vamos começar
nossa análise do meio para o fim da parábola, procuraremos focar na pessoa do
filho mais velho.
Nem sempre ele é
detalhado quando procuramos pregar ou ensinar sobre essa parábola. Mas é
precisamente sobre ele que quero tratar nessa oportunidade. Então vamos lá...
Ao iniciarmos a
observação do texto que trata especificamente do filho mais velho onde o
encontramos? “ E o seu filho mais velho estava no campo...” (v.25a).
Interessante observar, que enquanto a festa estava acontecendo na casa de seu
pai, ele estava por fora, ainda estava “trabalhando” e não havia notado, ou se
sabia não queria tomar parte do que estava acontecendo na casa de seu pai. “ ...e
quando veio e chegou perto de casa...” (v.25b). Perceba, que acontece
uma demora, do filho mais velho em chegar em casa, e quando veio, na verdade
ele não veio de fato, talvez quisesse constatar se o que ele mais temia, estava
realmente acontecendo. “Ele ouviu a música e as danças” (v.25c)
Após se certificar do que estava acontecendo ele chama um servo. “E,
chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo”. (v.26) Ele não precisava chamar um dos
servos para resolver seus problemas nesse momento, nem para ter toda a certeza
do mundo que verdadeiramente seu irmão havia retornado, bastava ele entrar e
falar com o seu pai, e rever seu irmão. Quantas vezes nos também não já agimos
assim? Resolvemos não participar daquele culto, daquela festa porque achamos
que não era justo, não era para ser assim? Não concordamos, nos isolamos, nos
embrutecemos e perdemos a sensibilidade à voz de Deus! E aqui não quero me
isentar de minha culpa, isso já aconteceu comigo, talvez de uma maneira mais
ridícula do que a do filho mais velho.
Há pessoas que preferem
se relacionar com os “servos” do que ir direto ao pai! Foi o que ele fez, e
obteve a resposta do servo: “E ele lhe disse: veio teu irmão, e teu pai
matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo”. (v.27) As boas
novas foram dadas! Seu irmão voltou, ele está vivo! Ele estava perdido e foi
achado, estava morto e reviveu! Qual a reação dele? Como reage alguém que tem
uma mentalidade de escravo? Uma pessoa que sua religiosidade fala mais alto?
Com o tempo se não tivermos cuidado, substituímos nosso relacionamento com o
Pai, por atitudes meramente religiosas, que podem até ter aparência de
“piedade”, mas que não demonstram a essência do amor cristão!
Nesse capitulo 15 de
Lucas, é o capitulo que fala da alegria, do jubilo das coisas que estavam
pedidas e são achadas! A mulher se alegra quando acha a dracma perdida, o
pastor quando finalmente encontra a ovelha perdida, o pai quando seu filho
retorna a casa paternal, somente o filho mais velho contrairia tudo e todos,
quando não há alegria em ver seu irmão restaurado! Sua reação é totalmente
absurda: “ Mas ele se indignou e não queria entrar”. (v.28a)
Mas por quê ele se irou
tanto? A ponto de não suportar a presença de seu irmão junto ao Pai em sua
própria casa? Veja, que ele nem deu a oportunidade de seu irmão revê-lo, falar
com ele, quem sabe pedir perdão? Não ele estava resoluto, não demonstraria
perdão ou misericórdia com o seu irmão! É próprio de pessoas com esse espirito
de religiosidade quererem que os outros sejam como eles, se vistam como eles,
falem como eles, quem sabe comam ou durmam como eles...
Ele não entrava por nada
nesse mundo. Sua opinião era, não compactuo com isso, meu pai está equivocado
em dá uma chance para esse desmantelado! Todavia, o mesmo pai que havia saído
ao encontro do filho pródigo que estava fora de casa, é o mesmo que sai ao
encontro do perdido dentro de casa! Com o mesmo amor e com a mesma paciência! “ E,
saindo seu pai, instava com ele”. (v.28b) O pai não achou constrangedor
deixar o clima de festa que havia “dentro da casa do Pai” para ir em busca do
filho mais velho que estava revoltado e amargurado lá fora. Ele simplesmente
deixou todos dentro e foi em busca de seu filho, não queria perdê-lo, não
queria que ele pudesse se perder de inveja e ciúmes! O pai insistia com ele, o
texto não relata quais foram as primeiras palavras desse diálogo, mas podemos
conjecturar: “ Meu filho deixa de besteira, para que isso? Seu irmão voltou,
ele está bem, vamos celebrar a vida, vamos celebrar a restauração! Não precisa ficar
assim, meu filho”!
Contudo, uma pessoa que
não tem a mentalidade de filho, [sendo filho e tendo um pai amoroso], não
conseguirá jamais compreender a manifestação desse amor! Perceba como ele
respondeu ao amor e busca de seu pai, como ele retribui o amor que o seu pai
lhe demonstra: “ Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que eu te sirvo há tantos
anos...” (v.29) Ele nem reconhece seu pai como pai, nem lhe chama de
pai! Enquanto o filho mais novo sempre se dirigia ao seu pai chamando-o de meu
pai! (Lucas 15.12,17b,18a,21). E o filho mais velho? Nenhuma vez sequer chama-o
de pai. Em outra tradução diz que ele fala: “Há muitos anos que eu trabalho
para você como um escarvo! ” Você pode perceber como essa mentalidade
de escravo era forte nele? Ele jamais se percebeu como filho, mesmo nos anos
que ele ficou como filho único em casa!
Outra coisa, sua soberba
espiritual e religiosa. Ele se compara ao seu irmão mais novo, tenta fazer o
pai desacreditar em sua recuperação e joga em rosto o serviço prestado, dizendo
que não foi remunerado, nem recompensado pelo mesmo. “...sem nunca transgredir o teu
mandamento...” (v.29c) Religiosidade
misturada com legalismo, dá nisso, em uma falsa concepção acerca de si próprio,
advoga para si uma justiça quase perfeita, nunca falhei, você sabe! Sempre
obedeci a tudo, sempre fui submisso! A pessoa nem precisa da graça de Deus, ela
cumpre toda a Lei, ela não precisa de misericórdia, nem precisa de perdão,
perdão para quê? Se eu não falhei, pessoas assim jamais se arrependem, jamais
reconhecem seus erros, mas são peritas em apontar os erros dos outros e a
agirem sem nenhuma misericórdia! Se jamais se arrependem, jamais serão
restauradas ou perdoadas! Ficam de fora da casa do Pai esbravejando suas
“próprias justiças”.
São completamente
ingratas: “...e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com meus amigos”.
(v.29d) Crentes assim, nunca estão satisfeitos! Nunca têm o suficiente.
Ele sendo filho poderia usufruir a hora que quisesse daquilo que o pai tinha,
tudo, tudo mesmo estava a sua disposição, mas...sua mentalidade era de escravo.
Era um religioso que precisava fazer por merecer, e não se percebia como um
filho amado. O religioso não se alegra por nada nesse mundo ele vive procurando
falhas nos outros, procurando defeitos, ele não adora no culto, ele fica
olhando o que os irmãos fazem ou deixam de fazer! Ele não percebe que está
cercado pelo amor do Pai, ele não percebe o cuidado e afeto paterno direcionado
a sua vida!
O filho mais velho está
tão contaminado por sua religiosidade e mentalidade de escravo que não aceita
nem o seu irmão como irmão novamente, como ele trata da questão:
“ Vindo, porém, esse teu
filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro
cevado”. (v.30) Ele está dizendo eu trabalhei tanto,
honrei ao senhor, fiquei aqui o tempo todo, não desonrei a família, mas de que
adiantou tudo isso? Se o queridinho do
senhor é ele? Ele sim, fez tudo errado e agora está aí a maior festa para ele,
veja você mesmo, isso é uma injustiça tremenda! Era como se ele dissesse, de
que adianta ser justo, trabalhador, servir incansavelmente? Era a mentalidade
de escravo falando mais alto, era tudo o que ele tinha, não tinha como pensar
de outra maneira! Ele diz” teu filho”, “tua fazenda” como se ele não fosse mais o seu irmão, como
se a fazenda não fosse dele também?!
Veja o que o pai lhe
assegura: “ E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo...” (v.31a) É
muito lindo o amor do Pai! Veja, ele não diz você sempre “estava comigo”, ele
diz: “
Filho, tu sempre estás comigo...” Meu amigo é uma revelação incrível da
Palavra de Deus! O pai ainda estava com ele, e o considerava ainda na sua
presença com todos os direitos. Primeiro o relacionamento “está com o Pai”,
depois as bênçãos! Precisamente nessa ordem, ele reivindicou coisas, posses, o
Pai lhe propôs relacionamento, presença, contato, comunhão! Aleluia! Aí em
seguida o Pai lhe assegura novamente: “ ... e todas as minhas coisas são tuas”. (v.
31b) Se você me tem como pai, você também terá tudo o que é seu por
direito como filho! Glória a Deus!
Mas o pai ainda o
esclarece, que na verdade não havia nenhum equivoco em receber o seu irmão mais
novo... “ Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava
morto e reviveu; tinha-se perdido e oi achado” (v.32). O pai dizia para ele, a
razão de tudo isso meu filho é que seu irmão está vivo, ele foi achado, muitos
pensavam que ele tinha morrido (quem sabe até o seu próprio irmão, desejasse
isso), mas teu irmão vive, ele voltou e agora é um de nós novamente, ele foi
restaurado.
Interessante que é
exatamente nesse ponto que a narrativa se encerra. Jesus não diz o que
aconteceu com o irmão mais velho, e aí? Qual final você vai dá a essa história?
Qual mentalidade você tem? Como você reage diante do extravagante amor do Pai?
Você fica ofendido? Acha que é uma injustiça o pai perdoar aquele que não merece?
Pergunto, quem merece? Qual justiça é a
verdadeira justiça a do filho mais velho ou ao do Pai amoroso e misericordioso?
Luciano Costa. 16 de novembro
de 2018.
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