A MENTALIDADE RELIGIOSA DE ESCRAVO – QUANDO A RELIGIOSIDADE NOS TIRA A ALEGRIA DE SERMOS FILHOS DE DEUS!


A MENTALIDADE RELIGIOSA DE ESCRAVO – QUANDO A RELIGIOSIDADE NOS TIRA A ALEGRIA DE SERMOS FILHOS DE DEUS!
Luciano Costa
Uma análise do texto de Lucas 15.25- 32.
Quando falamos sobre a parábola do filho pródigo, logo nos vem à mente o personagem do filho mais novo, que denota a mentalidade de alguém que não analisa as consequências de suas escolhas, nem pondera o resultado de suas decisões! Todavia, vamos começar nossa análise do meio para o fim da parábola, procuraremos focar na pessoa do filho mais velho.
Nem sempre ele é detalhado quando procuramos pregar ou ensinar sobre essa parábola. Mas é precisamente sobre ele que quero tratar nessa oportunidade. Então vamos lá...
Ao iniciarmos a observação do texto que trata especificamente do filho mais velho onde o encontramos? “ E o seu filho mais velho estava no campo...” (v.25a). Interessante observar, que enquanto a festa estava acontecendo na casa de seu pai, ele estava por fora, ainda estava “trabalhando” e não havia notado, ou se sabia não queria tomar parte do que estava acontecendo na casa de seu pai. “ ...e quando veio e chegou perto de casa...” (v.25b). Perceba, que acontece uma demora, do filho mais velho em chegar em casa, e quando veio, na verdade ele não veio de fato, talvez quisesse constatar se o que ele mais temia, estava realmente acontecendo. “Ele ouviu a música e as danças” (v.25c) Após se certificar do que estava acontecendo ele chama um servo. “E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo”.  (v.26) Ele não precisava chamar um dos servos para resolver seus problemas nesse momento, nem para ter toda a certeza do mundo que verdadeiramente seu irmão havia retornado, bastava ele entrar e falar com o seu pai, e rever seu irmão. Quantas vezes nos também não já agimos assim? Resolvemos não participar daquele culto, daquela festa porque achamos que não era justo, não era para ser assim? Não concordamos, nos isolamos, nos embrutecemos e perdemos a sensibilidade à voz de Deus! E aqui não quero me isentar de minha culpa, isso já aconteceu comigo, talvez de uma maneira mais ridícula do que a do filho mais velho.
Há pessoas que preferem se relacionar com os “servos” do que ir direto ao pai! Foi o que ele fez, e obteve a resposta do servo: “E ele lhe disse: veio teu irmão, e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo”. (v.27) As boas novas foram dadas! Seu irmão voltou, ele está vivo! Ele estava perdido e foi achado, estava morto e reviveu! Qual a reação dele? Como reage alguém que tem uma mentalidade de escravo? Uma pessoa que sua religiosidade fala mais alto? Com o tempo se não tivermos cuidado, substituímos nosso relacionamento com o Pai, por atitudes meramente religiosas, que podem até ter aparência de “piedade”, mas que não demonstram a essência do amor cristão!
Nesse capitulo 15 de Lucas, é o capitulo que fala da alegria, do jubilo das coisas que estavam pedidas e são achadas! A mulher se alegra quando acha a dracma perdida, o pastor quando finalmente encontra a ovelha perdida, o pai quando seu filho retorna a casa paternal, somente o filho mais velho contrairia tudo e todos, quando não há alegria em ver seu irmão restaurado! Sua reação é totalmente absurda: “ Mas ele se indignou e não queria entrar”. (v.28a)
Mas por quê ele se irou tanto? A ponto de não suportar a presença de seu irmão junto ao Pai em sua própria casa? Veja, que ele nem deu a oportunidade de seu irmão revê-lo, falar com ele, quem sabe pedir perdão? Não ele estava resoluto, não demonstraria perdão ou misericórdia com o seu irmão! É próprio de pessoas com esse espirito de religiosidade quererem que os outros sejam como eles, se vistam como eles, falem como eles, quem sabe comam ou durmam como eles...
Ele não entrava por nada nesse mundo. Sua opinião era, não compactuo com isso, meu pai está equivocado em dá uma chance para esse desmantelado! Todavia, o mesmo pai que havia saído ao encontro do filho pródigo que estava fora de casa, é o mesmo que sai ao encontro do perdido dentro de casa! Com o mesmo amor e com a mesma paciência! “ E, saindo seu pai, instava com ele”. (v.28b) O pai não achou constrangedor deixar o clima de festa que havia “dentro da casa do Pai” para ir em busca do filho mais velho que estava revoltado e amargurado lá fora. Ele simplesmente deixou todos dentro e foi em busca de seu filho, não queria perdê-lo, não queria que ele pudesse se perder de inveja e ciúmes! O pai insistia com ele, o texto não relata quais foram as primeiras palavras desse diálogo, mas podemos conjecturar: “ Meu filho deixa de besteira, para que isso? Seu irmão voltou, ele está bem, vamos celebrar a vida, vamos celebrar a restauração! Não precisa ficar assim, meu filho”!
Contudo, uma pessoa que não tem a mentalidade de filho, [sendo filho e tendo um pai amoroso], não conseguirá jamais compreender a manifestação desse amor! Perceba como ele respondeu ao amor e busca de seu pai, como ele retribui o amor que o seu pai lhe demonstra: “ Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que eu te sirvo há tantos anos...” (v.29) Ele nem reconhece seu pai como pai, nem lhe chama de pai! Enquanto o filho mais novo sempre se dirigia ao seu pai chamando-o de meu pai! (Lucas 15.12,17b,18a,21). E o filho mais velho? Nenhuma vez sequer chama-o de pai. Em outra tradução diz que ele fala: “Há muitos anos que eu trabalho para você como um escarvo! ” Você pode perceber como essa mentalidade de escravo era forte nele? Ele jamais se percebeu como filho, mesmo nos anos que ele ficou como filho único em casa!
Outra coisa, sua soberba espiritual e religiosa. Ele se compara ao seu irmão mais novo, tenta fazer o pai desacreditar em sua recuperação e joga em rosto o serviço prestado, dizendo que não foi remunerado, nem recompensado pelo mesmo. “...sem nunca transgredir o teu mandamento...” (v.29c) Religiosidade misturada com legalismo, dá nisso, em uma falsa concepção acerca de si próprio, advoga para si uma justiça quase perfeita, nunca falhei, você sabe! Sempre obedeci a tudo, sempre fui submisso! A pessoa nem precisa da graça de Deus, ela cumpre toda a Lei, ela não precisa de misericórdia, nem precisa de perdão, perdão para quê? Se eu não falhei, pessoas assim jamais se arrependem, jamais reconhecem seus erros, mas são peritas em apontar os erros dos outros e a agirem sem nenhuma misericórdia! Se jamais se arrependem, jamais serão restauradas ou perdoadas! Ficam de fora da casa do Pai esbravejando suas “próprias justiças”.
São completamente ingratas: “...e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com meus amigos”. (v.29d) Crentes assim, nunca estão satisfeitos! Nunca têm o suficiente. Ele sendo filho poderia usufruir a hora que quisesse daquilo que o pai tinha, tudo, tudo mesmo estava a sua disposição, mas...sua mentalidade era de escravo. Era um religioso que precisava fazer por merecer, e não se percebia como um filho amado. O religioso não se alegra por nada nesse mundo ele vive procurando falhas nos outros, procurando defeitos, ele não adora no culto, ele fica olhando o que os irmãos fazem ou deixam de fazer! Ele não percebe que está cercado pelo amor do Pai, ele não percebe o cuidado e afeto paterno direcionado a sua vida!
O filho mais velho está tão contaminado por sua religiosidade e mentalidade de escravo que não aceita nem o seu irmão como irmão novamente, como ele trata da questão:       
“ Vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado”. (v.30) Ele está dizendo eu trabalhei tanto, honrei ao senhor, fiquei aqui o tempo todo, não desonrei a família, mas de que adiantou tudo isso?  Se o queridinho do senhor é ele? Ele sim, fez tudo errado e agora está aí a maior festa para ele, veja você mesmo, isso é uma injustiça tremenda! Era como se ele dissesse, de que adianta ser justo, trabalhador, servir incansavelmente? Era a mentalidade de escravo falando mais alto, era tudo o que ele tinha, não tinha como pensar de outra maneira! Ele diz” teu filho”, “tua fazenda”  como se ele não fosse mais o seu irmão, como se a fazenda não fosse dele também?!
Veja o que o pai lhe assegura: “ E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo...” (v.31a) É muito lindo o amor do Pai! Veja, ele não diz você sempre “estava comigo”, ele diz: “ Filho, tu sempre estás comigo...” Meu amigo é uma revelação incrível da Palavra de Deus! O pai ainda estava com ele, e o considerava ainda na sua presença com todos os direitos. Primeiro o relacionamento “está com o Pai”, depois as bênçãos! Precisamente nessa ordem, ele reivindicou coisas, posses, o Pai lhe propôs relacionamento, presença, contato, comunhão! Aleluia! Aí em seguida o Pai lhe assegura novamente: “ ... e todas as minhas coisas são tuas”. (v. 31b) Se você me tem como pai, você também terá tudo o que é seu por direito como filho! Glória a Deus!
Mas o pai ainda o esclarece, que na verdade não havia nenhum equivoco em receber o seu irmão mais novo... “ Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e oi achado” (v.32). O pai dizia para ele, a razão de tudo isso meu filho é que seu irmão está vivo, ele foi achado, muitos pensavam que ele tinha morrido (quem sabe até o seu próprio irmão, desejasse isso), mas teu irmão vive, ele voltou e agora é um de nós novamente, ele foi restaurado.
Interessante que é exatamente nesse ponto que a narrativa se encerra. Jesus não diz o que aconteceu com o irmão mais velho, e aí? Qual final você vai dá a essa história? Qual mentalidade você tem? Como você reage diante do extravagante amor do Pai? Você fica ofendido? Acha que é uma injustiça o pai perdoar aquele que não merece? Pergunto, quem merece?  Qual justiça é a verdadeira justiça a do filho mais velho ou ao do Pai amoroso e misericordioso?

Luciano Costa. 16 de novembro de 2018.




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UMA PALAVRA DE ÂNIMO AOS PEREGRINOS...




UMA PALAVRA DE ÂNIMO AOS PEREGRINOS...
Texto: Hebreus 11. 32-40

Introdução: Faltou tempo, espaço para o autor de Hebreus apresentar a lista de exemplos de salvos que permaneceram firmes na fé, mesmo ante as maiores perseguições e oposições. O que eles nos disseram através de seus exemplos? O legado deles pode servir de inspiração hoje ainda? Vamos, portanto, a nossa reflexão sobre essa palavra de encorajamento àquela comunidade judaica, convertida que era perseguida por causa de sua fé.

1-      A principal característica que o autor cita, está bem evidente em todo o capitulo: “ Os quais, pela fé...” (Hb 11.33a). Será que estamos cultivando uma vida pautada no princípio da fé? O que andamos realizando “ pela fé...”?
2-      O que eles fizeram pela fé? “ Venceram...”. Muito bem, hoje se canta muito sobre vitória, se profetiza muito sobre vitória, (não há nada de errado em crer na vitória...) a questão é como essa vitória nos é apresentada? Qual o sentido da palavra vitória para nós hoje, igreja de Cristo nesse mundo hedonista, pragmático e secularista?
3-      O autor continua: “Pela fé praticaram a justiça...” Será que nossa fé nos leva, conduz a prática a justiça?  (Mt 5.6,10,20; 6.33).
4-      Foram firmes mesmo em meio às fraquezas: “...da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram...” (Hb 11.43) O que acontece com muitos de nós hoje quando nos sentimos fracos? Quando atravessamos duras batalhas? (Rm 8.26; II Co 12.9-10)
5-      “Uns foram torturados, não aceitando seu livramento, para alcançarem uma melhor ressureição”. (Hb 11.35). Pergunto, até onde estamos dispostos a sofrer por amor a Cristo? (II Tm 1.12; II Tm 2.9) “Estamos dispostos a focar no que é eterno em detrimento do que temporal e passageiro? ” (II Co 4.16-18).
6-      Não sei se devo dizer, mas a verdadeira fé em Cristo não só nos trará bênçãos e vitórias... “ Outros experimentaram escárnios e açoites...” (Hb 11.36) Por quê? Por causa da fé. A fé proporcionou isso! (II Co 11.24).
7-      A lista prossegue: “ Forma apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada andaram vestidos de pelos de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados”. (Hb 11.37) Não havia lugar para eles! Não havia espaço, não era favorável, havia perseguição!
8-      A verdadeira identidade dos peregrinos. “ Homens dos quais o mundo não era digno. Errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra”. (Hb 11.38). O mundo achava que eles não eram dignos, mas o Espírito Santo deixa claro era o mundo que não era digno deles!
9-       Observem que eles também obtiveram “ tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa...”. (Hb 11.39). Eles obtiveram bom testemunho por causa da fé...
10-   A partir do cap. 12 o autor se direciona especificamente a nós. O conselho é prático (Hb 12.1).
11-   Qual o nosso foco, ( Hb 12.2). Como manter esse foco?
a)      Olhar- para onde? Olhar para Cristo, apesar da grande nuvem de testemunhas que ele apresenta no capítulo, Jesus é o Sol da justiça, devemos ser guiados pela sua luz.
b)      Suportar – O quê?  A cruz! Não troque sua cruz, não a despreze.
c)       Desprezar- o quê? Despreze a afronta! O escárnio, a zombaria, o agravo, as contrariedades, etc.
d)      “...e assentou-se à destra do trono de Deus”. ( Hb 12.2). Jesus pelo gozo que lhe estava proposto suportou! E nós? Temos preciosíssimas promessas para pudermos desprezar toda a afronta, todo o obstáculo e continuar firmes olhando para Jesus, Ele é a nossa maior recompensa!
e)      Considerar – o quê?  Considere o próprio Cristo como exemplo! Ele sofreu, Ele padeceu em nosso lugar...
f)       Suportar – o quê? Suporte até o fim, persevere! “Eu não acredito num Evangelho em que alguém deixa a igreja por causa de uma oportunidade, cargo, função... Não há centralidade de Cristo nesse Evangelho, há caprichos e desejos humanos de ser reconhecido ou de usufruir do Evangelho em benefício próprio! ”
g)      Para qual propósito? “Para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos”.  (Hb 12.3).

Concluindo: Por que muitos acabam desfalecendo na fé? Por que muitos ficam fracos na fé? Será que deixaram de olhar para Jesus? Olharam para os homens, para a instituição religiosa? O autor deixou essa palavra de encorajamento aqueles irmãos e serve para nós hoje também, olhemos para Jesus! Suportemos a cruz, desprezemos a afronta, consideremos o que Jesus passou por nós! Uns venceram reinos, praticaram a justiça, apagaram a força do fogo, colocaram exércitos em fugida, e tantas outras maravilhas; todavia o autor diz, que outros, foram serrados, tentados, mortos ao fio da espada, perseguidos, andaram errantes pelos desertos e cavernas da terra, percebe? O autor diz que pela fé eles venceram, mas aconteceram coisas e fatos diferentes com eles. Assim tem sido a igreja ao longo da história sempre teremos os mártires, temos também os que escaparam com livramentos, mas o relevante é permanecer firme até o fim!

Luciano Costa. 6 de setembro de 2018. Doutrina. AD – São Fernando-RN


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Como os sertanejos concebem a ideia de igreja (sagrado-divino)?





Como os sertanejos concebem a ideia de igreja (sagrado-divino)?

(Luciano Costa)

A questão da espiritualidade do sertanejo é algo complexo, digno de um estudo aprofundado, que vise detectar características dessa ambiência sagrada. A sua cultura lhe é “sagrada”. Aliás o sagrado está na sua “arte” pintada na tela, no quadro da parede, na imagem esculpida para a qual ele devota seu olhar contemplativo. Está em sua linguagem, no rito, na tradição herdada e até mesmo na superstição crida. O sertanejo é um ser religioso, sua religião é herança sagrada que não lhe pode ser tirada, roubada e mesmo profanada pela “religião” do outro que lhe convida.
Sua ida a igreja é o momento mais sublime, na qual sua espiritualidade se concretiza. Na procissão pelas ruas da cidade, rezando e cantando a ladainha, carregando seu “santinho” nas mãos, segurado seu terço, que representa seu sacrifício de oração. Entrar na igreja, é seu lugar mais sagrado, se benzer ao passar em frente a mesma é gesto habitual, que lhe traz proteção!
O sagrado está em um lugar, ela habita ali, estático, imóvel. Está desenhado ou esculpido, pronto e acabado para a veneração e contemplação de seus devotos. O sertanejo concebe o sagrado a partir de sua tradição, do que sua família lhe repassou. A tradição oral é “seu livro sagrado”, a Bíblia por vezes é tida como apenas um livro escrito por homens, e não é a Palavra de Deus.
A sua igreja geralmente foi a primeira e mais imponente construção da cidade, ela sempre fica no centro da mesma, com um símbolo do poder religioso sempre presente e que pode ser acessado por todos.... É lá que sua devoção encontra o devido sentido, que há o encontro do devoto com o seu santo de estimação, suas preces, rezas e lamento são feitas, as vezes apenas com o simples ato de beijar o objeto de sua veneração.
Se as vezes lhes falta palavras para comunicar-se com seu santo, mas não lhes falta o vigor e o esforço sacrificial para cumprir a penitência e pagar a promessa feita! Há uma música que trata dessa temática da expressão religiosa e cultural do sertanejo, farei citação de um trecho da mesma. A música é “Romaria”, que foi composta por Renato Teixeira de Oliveira, tem várias versões cantadas por cantores diversos
“Me disseram, porém,
Que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar”.
 Perceba que a expressão: “Me disseram, porém...”, aponta exatamente para a importância da tradição oral, que culturalmente predomina no contexto do interior do Sertão. Não está dizendo que eu li, mas me disseram, alguém me falou que eu deveria buscar apoio no sagrado, no divino, no “sacrifício” em participar de uma romaria. O que é uma romaria? Uma peregrinação religiosa a um lugar tido como sagrado, no intuito de pedir com preces e sacrifícios humanos “bênçãos” ao santo de devoção, para agradecer bênçãos prometidas, para vivenciar a experiência religiosa, com mais intensidade, pois são esses “lugares divinos” onde acontecem milagres e curas e que proporcionam um aumento da fé e credulidade do sertanejo. Havendo casos de muitos destes, fazerem periodicamente peregrinações e romarias por toda a sua vida a lugares distantes, com altos custos e em condições penosas, tudo para cumprir com a “promessa” feita ao santo de sua devoção.
Outro ponto que a música aborda nessa estrofe é que, nem sempre o devoto que está lá na igreja é um praticante do rito, as vezes ele não sabe nem mesmo as rezas que podem ser decoradas, contudo: “ Como não sei rezar, Só queria mostra, Meu olhar, meu olhar, meu olhar”. Entendo, que a participação contemplativa também é uma forma de interagir com a divindade. Através de seu olhar o sertanejo demonstra seu anseio, sua sede da Água da Vida. Certamente o olhar do sertanejo comovido por lágrimas é a mais certa expressão de sua oração, silenciosa e sem palavras, porém cheia de convicção, direcionada ao seu santo de devoção!
A devoção contemplativa do sertanejo é cercada de símbolos sagrados. Aliás sua própria casa “assume” esse lado artístico-religioso. Cheia de quadros, pinturas, santos. Um quadro que sempre é possível encontrar é uma réplica mal “acabada” da santa ceia. E assim, o sertanejo concebe o sagrado, assim ele adora aos seus “santos”, padroeiras e padroeiros, que em cada cidade é tido como o santo protetor da mesma.
Os significantes de igreja são vários, um lugar imponente, com altas torres, com sino (que inclusive convoca os devotos para as atividades), com várias imagens de esculturas religiosas (santos) que são venerados, adorados, cridos, amados! Nesse lugar acontecem os momentos mais relevantes de sua vida: batismo infantil (criança), crisma, primeira comunhão, catecismo, casamento, e por fim velório-missa de sepultamento e ainda outras missas, sétimo dia, mês, aniversário de um ano, após o falecimento.















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Não despreze os pequenos começos...






NÃO DESPREZE OS PEQUENOS COMEÇOS...
(Abaixo transcrevo um texto de 1 de outubro de 2014, e hoje 20 de agosto de 2018, entendo porque Deus nos orientou a ter tal ideia: Projeto Boas Novas para o Sertão!)

PROJETO BOAS NOVAS PARA O SERTÃO
"O Projeto Boas Novas para o Sertão nasce dentro da visão missionária de alcançar as comunidades rurais esquecidas, sítios, povoados e lugares de difícil acesso no Sertão. O Missº Luciano Costa vem trabalhando com plantação de igrejas no Sertão do Rio Grande do Norte desde agosto de 2007. Durante esse tempo viveu entre os sem terras, em Assentamentos Rurais organizados pelo Governo Federal, conheceu bem de perto a realidade do sertanejo que vive à margem da sociedade, dependendo de bolsa família e de benefícios do Governo.
De 2007 à 2009, plantou duas igrejas nesses Assentamentos Rurais. Em 2010 continuou trabalhando na Zona Rural em um Distrito próximo a capital, onde também fortaleceu a igreja ali existente. De 2012 ao início de 2014, trabalhou no sertão do Seridó do RN, área com maior resistência ao Evangelho no estado, nesse período intensificou as atividades de evangelização nas comunidades rurais da cidade onde estava morando. Abrindo trabalhos e consolidando congregações.
Atualmente está na cidade de Riacho de Santana/RN, município com 4.165 habitantes. Sendo que é o município no qual trabalhou quem tem a maior zona rural habitada. Diante desse desafio, Deus o direcionou a realizar o Projeto Boas Novas para o Sertão. Que começa a tomar forma no dia 1º de outubro de 2014. Com o propósito de alcançar todas as comunidades rurais que ali existem, um total de mais de 10 sítios".

Quando uma ideia pode se tornar um projeto, e um projeto pode se tornar em um meio para que o nome do Senhor venha a ser glorificado!

Prosseguindo a história...

Não sabia eu quando elaborei esse projeto para desenvolvê-lo na cidade de Riacho de Santana-RN, que o mesmo apenas começaria ali. O Senhor só me permitiu passar um ano naquela cidade. Mas fui à luta criei um blog para divulgar a ideia do projeto: http://boasnovasparaosertao.blogspot.com , nesse espaço começamos a falar sobre nosso projetos, ainda me lembro, fazer ponte entre jovens e escolas missionárias de férias, treinar por ano cerca de 30 jovens, visitar plantadores de igrejas nas comunidades rurais e etc.
Hoje após quatro anos, vemos o agir de Deus! Na verdade, desde 2013 que vínhamos levando jovens e adolescentes para a Missão Ceifa em Pacajus, era dispendioso e custoso levar a cada período de férias adolescentes e jovens para o CE. Comecei a sonhar com uma escola missionária nossa, nascida e criada no Sertão do RN.
Fui desafiado a voltar para o Seridó, deixar a Assembleia de Deus em Riacho de Santana para vir para São José do Seridó-RN, que na época era a menor AD em cidade, com menos de 30 membros. Não foi fácil entender o propósito de Deus em nos trazer para revitalizar uma igreja em um contexto tão difícil! Mas aceitamos o desafio, deixar uma igreja com 140 crentes e assumir um trabalho com menos de 30 membros!
Mas Deus tem seus propósitos! Começamos a trabalhar no Sertão do Seridó novamente, no dia 29 de janeiro de 2015, assumindo o pastoreio da AD em São José do Seridó-RN. Então certo dia recebo a ligação do Miss. Nicodemus da Missão Ceifa-CE, querendo enviar uma equipe da ENIGRE para plantar igrejas aqui no sertão do RN, falei com o nosso pastor Isaac Dias (nosso supervisor) se o mesmo desejaria receber essa equipe, o que ele prontamente aceitou! Nessa equipe veio o Adriel Café e esposa, Miss. Fran; já os conhecia de quando A ESCAMF tinha vindo para o RN (janeiro de 2014), precisamente para Timbaúba dos Batistas-RN, começamos a “sonhar” juntos com uma escola missionária para o RN, haja visto termos poucas inciativas até então nesse sentido, parecia algo impossível, parecia tão distante! Mas em nossas conversas tudo se encaixava perfeitamente, críamos que Deus mobilizaria pessoas, que Deus levantaria os vocacionados, que Deus trataria com os líderes, enfim críamos piamente que era um projeto de Deus!
Então em julho de 2016, Deus dava início a EMITES (Escola Missionária de Treinamento Estratégico para o Sertão)! Com poucos obreiros, com um grande desafio de trazer a cultura de escolas de treinamento para ambiência assembleiana potiguar! O Adriel foi para mim um treinador especial, tendo paciência comigo, me orientando e me inserindo no contexto de escolas missionárias, agradeço a Deus por tua vida nobre amigo! Outra pessoa que Deus usou que foi de fundamental relevância foi e tem sido o meu pastor Isaac Dias, que atualmente pastoreia a AD em Caicó e supervisiona o referido campo eclesiástico! Todo o apoio, mentoria, respaldo pastoral nos tem sido de indispensável valor, obrigado meu pastor pela sua paciência comigo!
A toda a minha família que também ao longo desses anos tem me apoiado e me ajudado a prosseguir, mesmo quando as incertezas chegam! A linda família EMITES, meu muito obrigado pelo apoio! Aos mais de 130 jovens treinados nesses dois anos, as dezenas de obreiros “nativos”, digo que são filhos e filhas da EMITES e hoje são obreiros, lideram, servem, se doam, ensinam, dão palestras e etc. Todos nós começamos tão “tímidos” tão medrosos diante do novo desafio...Eu acredito no potencial de todos vocês, a glória de Deus seja a nossa motivação, as vidas sejam nosso alvo!

Luciano Costa.
São Fernando-RN 20 de agosto de 2018.
















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POR QUE VOCACIONADOS?


POR QUE VOCACIONADOS?
Então chegamos a 5ª Edição da EMITES! Após meditarmos em temas relevantes para o entendimento missionário, como “Quem é Jesus? ”, “ O Discípulo Radical”, “Siga-me! ”, e “ Identidade em Cristo”, temos agora nessa edição, “ Vocacionados – Viva intensamente o seu chamado”! Entendo que é um tema relevante para uma escola que já está fazendo história, que ao longo desses quase três anos tem despertado muitos vocacionados para cumprirem sua missão nesse mundo.
Tomamos com texto base Efésios 4.1: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados”. Acredito que Deus está no chamando para reavaliamos nossas motivações, nosso serviço cristão, nosso envolvimento em missões! Ele requer de cada um de nós um “andar digno da vocação”, e o que isso significa? Significa comprometimento com a missão, Deus não quer um fazer desassociado do ser! Primeiramente é necessário saber para o quê, Deus lhe chamou? Você tem convicção de seu chamado?
O chamado não requer apenas um ato de obediência, mais do que alguns sonhos e realizações pessoais, mais do que 90% de sua entrega... O chamado envolve toda a nossa existência, somos chamados a viver integralmente para Àquele que nos chamou! Quem é realmente vocacionado para o ministério, não passa a fazer parte do mesmo, mas passa a ser o que a sua vocação determina, aquilo que Deus nos fez para ser, para a sua glória!  
Vocação é muito mais que fazer algo para alguém, é ser guiado, conduzido por um chamado divino, que o define, que o motiva, que o molda e por fim que se torna a razão de sua existência!
Mesmo fazendo a obra de Deus, podemos não estar desempenhando a nossa vocação! Cuidemos pois, para que ao fazer a obra de Deus não venhamos a nos esquecer qual é a nossa vocação. Aptidão, talento, dons, faz parte, mas não garantem que a nossa vocação esteja sendo cabalmente cumprida.
 O vocacionado é alguém que se achou em Deus, ouviu uma ordem e com alegria passa a obedecê-la! Ele sabe exatamente o que tem que fazer, pois foi chamado e capacitado para tal, não há como fugir desse direcionamento; o homem pode até tentar, mas fora de sua vocação, ele apenas ocupará um lugar é uma função que não lhe pertence!
Viva intensamente o seu chamado! Seja ele qual for, para ser enviado ou para ficar onde você está atualmente, seja para pregar ou discipular, seja para servir no Reino com a sua profissão, ou seja, para se doar inteiramente em outro país servindo a outras nações, o relevante é que você participe daquilo que Deus está fazendo no mundo! A missão é de Deus, Ele projeta e executa, mas preferiu compartilhar conosco essa responsabilidade. Então não fique parado, mexa-se, envolva-se e comprometa-se, você é vocacionado de Deus! 
 Luciano Costa – Coordenador da EMITES






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Sou missionário rural, com muita alegria em servir ao Senhor no Sertão!


Sou missionário rural, com muita alegria em servir ao Senhor no Sertão!

Percebo que há um tratamento diferenciado aos missionários que servem de tempo integral em comunidades rurais. As vezes estes são preteridos em detrimento de outros obreiros que também servem na mesma lida, quer seja pastoreando ou plantando igrejas. Percebo também algumas ações de algumas lideranças no sentido de valorizar este abnegado servo de Deus, que tem um chamado para alcançar comunidades esquecidas nesse meu Sertão!
Percebo também a necessidade de mentoramento e de um maior apoio para que estes possam perseverar em sua missão evangelizadora. Creio que precisamos olhar com outros olhos para este segmento missionário que cresce a cada dia, que é a ação da igreja no sentido de plantar igrejas nessas comunidades remotas do Sertão. Haja visto, que são poucos os que se dispõem ir atender esse chamado, que é dificultoso pelas próprias condições inerentes a essas comunidades esquecidas. Muitas dessas não há abastecimento de água, não há atendimento médico, em algumas não há escolas adequadas para atender aos filhos do missionário. Existe também a dificuldade de locomoção e a distância da cidade mais próxima que muitas vezes fica a muitos quilômetros da comunidade.
Nesse breve artigo, falo por muitos (não que eles saibam disso), que estão “jogados” e esquecidos em algumas dessas comunidades!! Por esse meu Nordeste, homens e mulheres que abriram mão de seus sonhos e projetos e abraçaram a causa missionária no Sertão! Conclamo a igreja no Nordeste, a tomar um posicionamento em relação a esse desafio. Talvez, em minha fala (ou seja, escrita) não seja compreendido, mas pergunto:
 Você já parou para pensar como se sente um missionário rural em uma comunidade esquecida do Sertão?
Você já o visitou em sua humilde residência? Você que é pastor em cidade em uma igreja de porte médio, já mobilizou alguma vez a igreja para ir passar um dia lá?
Você já levantou ofertas alçadas por um missionário rural?
Você se preocupa, ora, intercede por eles?
Você já pensou na possibilidade de adotar uma família missionária do Sertão?
Se você nunca pensou em nenhuma dessas possibilidades, meu amigo, eu acredito que você não tem nenhuma sensibilidade pela obra missionaria! Pois, se você não consegue ouvir, nem perceber o clamor missionário do Sertão, quando você mora no Sertão... Como você ouvirá o clamor das nações??
Ouça o clamor do Sertão! Aja! Mobilize! Interceda! Doe! Vá! Ou seja, vamos fazer algo pelo Sertão!!

Luciano Costa. 24 de março de 2016.




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A Realidade do Evangelho no Nordeste- o Desafio da evangelização da maior Região do Brasil!


A Realidade do Evangelho no Nordeste- o Desafio da evangelização da maior Região do Brasil!
(Luciano Costa)
Quando falamos em evangelização do Nordeste, logo nos remete a ideia de um povo sofrido, de uma forte cultura Católica, digo “cultura católica”, pois em muitos aspectos a religiosidade do sertanejo está mais atrelada a sua cultura, do que mesmo a aspetos doutrinários do Catolicismo Romano. É dentro dessa cosmovisão “catolizada” que se encontram a maioria dos inalcançados pelo Evangelho na Região Nordeste. Claro que há uma “renovação católica” que intenta deter a evangelização de seus “fiéis”. Contudo, os dados que apresentarei na sequência, denotam o quanto ainda prevalece fortemente o Catolicismo nessa região.  Conforme, nos informa, Ildemar Nunes de Medeiros, em seu livro: “Missionários para o Sertão Nordestino – desafios, capacitação e evangelização integral. ”
“ O Censo do IBGE 2010 registra que 64% da população brasileira (mais de 123 milhões de brasileiros) se declararam católicos. (...)” (MEDEIROS, p. 36)
Vejamos como se encontra a distribuição religiosa no Brasil, pelos estados da Federação.
“Segundo o Censo 2010, a distribuição religiosa nos Estados brasileiros aponta a maior presença de católicos na região Nordeste (72,1%). Em cada Estado nordestino, o percentual é o seguinte (em ordem decrescente): Piauí, 85,1; Ceará, 78,8%; Paraíba, 76,9%; Sergipe, 76,3%; Rio Grande do Norte, 75,9%; Maranhão, 74,5%; Alagoas, 72,3%; Pernambuco, 65,9%; Bahia, 65,3%. ” (MEDEIROS, p.36)
Portanto, percebemos que a maior concentração de católicos ainda se encontra no Nordeste, esse é um dos nossos maiores desafios dentro de “casa”, em nossa própria nação. Quando observamos com mais precisão, é exatamente nas áreas rurais onde este se torna mais crítico, chegando ao percentual de 77,9%. Para tanto, algumas ações vendo sendo executadas no sentido de mudar essa triste realidade. Por algumas agencias missionárias. São elas JUVEP –PB; MEF- RN, CEIFA-CE, e o Movimento Nacional de Evangelização do Sertão Nordestino, com sede em Juazeiro do Norte –CE. Participei no ano de 2014 de um grande congresso desse movimento, no qual pude perceber várias ações e projetos que visam a plantação de novas 10.000 igrejas no Nordeste.
Vejamos ainda outra estatística que nos preocupa, que também está no referido livro.
Baixa população evangélica em alguns municípios do Nordeste.
“ Munícipios com menos de 1% de evangélicos: dos 6 municípios brasileiros com menos de 1% de evangélicos 5 estão no Rio Grande do Sul e apenas um no Piauí: Bocaína, com 4.369 habitantes, apresenta menos de 1% de evangélicos – possui apenas 38 crentes, o que representa 0,86% da população do município. Vale lembrar, que há dez anos, havia 71 cidades no país (sendo a maioria delas no Nordeste) com menos de 1% de evangélicos, o que já é uma mudança e tanto” (MEDEIROS, p. 37).
Urge a necessidade da igreja brasileira atentar para esse campo missionário que precisa ser alcançado. O Nordeste tem em si a capacidade de apregoar o Evangelho através das igrejas presentes nas capitais, grandes centros e de um esforço concentrado para alcançar cada comunidade inalcançada que temos tão perto de nós.

Fonte consultada: MEDEIROS, Ildemar Nunes. Missionários para o Sertão Nordestino – Desafios, capacitação e evangelização integral. Betel Publicações. João Pessoa/PB. 2013.


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A EMITES Vem com a sua 5ª Edição. Tema Devocional: Vocacionados. Participe!!


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Fórum para a liderança missionaria e pastoral do Sertão


Será no próximo sábado ( 19/05/2018) na Assembleia de Deus na cidade de São Fernando-RN, a realização desse relevante Fórum para Líderes que atuam no Sertão. Convidamos você que atua no Sertão, líderes e missionários de outras denominações que desejarem participar conosco serão bem vindos. Será uma oportunidade ímpar para estarmos juntos e aprendermos mais sobre a nossa missão nesse sertão.
Peço para confirmar a participação no Fórum para que possamos preparar uma melhor recepção e estada para os participantes.
Ev. Luciano Costa

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Vocacionados é o tema devocional da nossa quinta edição da EMITES...


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Texto baseado no livro da Analzira Nascimento - Evagelização ou Colonização:




Uma Evangelização colonialista, que demarca territórios e impõe a presença de uma pertença (denominacional) ou uma Evangelização que se importa com pessoas, com realidades que precisam de transformação pelo Evangelho???
(Luciano Costa)
Estive pensando sobre nosso modelo expansionista de levar a mensagem do evangelho. Percebo uma falta de elaboração e pesquisa quanto aos métodos e meio empregados por nós em determinadas situações e lugares. Acreditamos sim, que o evangelho é universal, que ele adentra qualquer cultura e etnia com a missão de transformar, libertar das trevas e salvar o homem perdido. Isso é indiscutível! Contudo, preocupa-me a pressa, a “imediatização” dos resultados almejados quando caímos em campo.
Vivemos em meio a uma igreja voltada para si mesma, que busca seus próprios anseios, que milita em defesa própria, mas que quer exercer alguma relevância onde foi plantada. Hoje não cabe mais, aquela concepção de uma igreja “pobre” e maltrapilha largada à margem da sociedade. Agora queremos respeito (pelo menos impor isso), mas a questão é que uma “religião-evangélica-de-domingo” não causará muito impacto durante a semana.  Quanto ao respeito, digo, ele virá quando vivenciarmos nossa verdadeira identidade cristã: sermos sal e luz.
Recentemente, ouvi uma liderança apresentando vários líderes em uma determinada reunião, o que me chamou a atenção foi que todos estavam no mesmo contexto, todavia, a ênfase dada recaiu sobre os que estavam construindo “templos”. Pergunto: “Será que plantação de igrejas significa construir templo em determinadas comunidades? Qual a relevância do templo para a comunidade que está sendo alcançada, se as pessoas não estiverem sendo ensinadas quanto ao evangelho? Seria essa a prioridade de Deus em sua missão, construir “templos de concreto”? Claro, preciso, esclarecer minha colocação para não ser mal interpretado. Primeiro, quero deixar claro, que não sou contra a construção de templos, congregações, caso haja a necessidade. Por exemplo, em uma determinada comunidade, já existem um bom número de discípulos, e estes precisam de um lugar especifico para congregar, então se faz necessária a construção do mesmo.
Acredito, que essa ênfase na construção de templos se dá, justamente pelo viés colonialista, isto é, quando o protestantismo aqui chegou (século XIX) já havia a pertença católica, e essa era demonstrada entre outras coisas pelas suas capelas e suntuosas igrejas. Então era “necessário” também demarcar a pertença protestante pelos templos construídos para a reunião dos crentes. A construção do templo não deve ser um fim em si mesmo! Caso contrário, estaremos gastando energia e recursos em uma área secundária, ao invés de priorizar as vidas que estão precisando de socorro, de visitação, de estudos bíblicos, de oração, de atenção, de relacionamento!
Quantos recursos são investidos em construções e como tratamos o investimento em missões? Vamos raciocinar: templos denotam trabalho, esforço, dedicação, investimento, são visíveis, são dignos de avaliação, de apreciação. Mas o trabalho de fazer discípulo não requer apenas “recursos financeiros”, requer envolvimento, doação, participação, preparo espiritual, relacionamento, investimento em vidas com a própria vida.
Se na busca por visibilidade e aprovação ministerial recorrermos apenas a essa mentalidade de priorizar a construção e expansão de templos, incorremos no risco de deixarmos para trás muitas vidas que poderiam ser alcançadas para Cristo, e algumas delas que moram no entrono do próprio templo. Percebe-se a valoração que muitos ministérios dão ao apropriar-se de grandes estruturas, porque não dizer grandes catedrais! As vezes se canaliza praticamente todos os recursos levantados pela membresia no intuito de conseguir metas financeiras sacrificiais, todavia, as demais necessidades dos mesmos e da evangelização e do discipulado ficam para depois (depois de inaugurar o templo?).
No quesito plantação de igrejas no Sertão, há também essa “cobrança”, de logo no início da obra, isto é, imediatamente após a chegada da família missionária na comunidade rural, esta possa conseguir um terreno e começar a construir um templo, pois isso é sinal evidente de crescimento do evangelho naquela comunidade! Há até uma certa pressão para que logo no início da fase de plantação a “igreja-templo” seja iniciada. Espero que seja compreendido naquilo que quero destacar: “ Há sim, uma relevância na construção do templo de concreto; dá a comunidade de fiéis, um sentimento de pertença, de envolvimento, de satisfação, de realização; e mesmo como já disse, pela necessidade de ter um lugar para as reuniões, cultos, e demais atividades da igreja! ”
No entanto, acredito que há etapas no processo de plantação de igrejas no sertão e estas não devem ser queimadas, do contrário o missionário irá sofrer com a sua família pressões antecipadas ou acrescentadas a sua missão evangelizadora. Ele precisa inevitavelmente da direção de Deus para a sua realidade, até porque cada região tem suas próprias peculiaridades, cada etnia tem seus próprios desafios. Ouvi certa feita de um casal missionário que foi plantar igrejas entre os quilombolas e não respeitou a cultura deles e acabou impondo a construção de um templo de alvenaria a qualquer custo, o que culminou comprometendo a sua atuação naquele lugar. O templo foi destruído pelos nativos e a missão de plantar a igreja foi abortada! 
Acredito que a construção leve vantagem sobre a obra de evangelização e de discipulado, porque qualquer um pode fazê-la! Pode pagar para alguém fazer em seu lugar, quando ao ide e fazei discípulos é mais complexo, não podemos terceirizar! Então é mais fácil investir em patrimônio, do que investir em vidas, que aliás podem dá trabalho... e muito!
Tenho acompanhando de perto vários missionários de tempo integral no sertão, tenho visto suas dores, seus medos, a dedicação incondicional deles para ver uma igreja sendo plantada em suas respectivas comunidades de atividade. Contudo, também tenho visto estes sobreviverem com cerca de 50% do que seria necessário para o mínimo, o básico para pelo menos alimentar sua família, fora as demais necessidades básicas que lhe são pertinentes.
Minha preocupação é termos uma igreja relevante para o sertão. Que inclusive será o tema para um livro que pretendo escrever esse ano de 2010. Termos igrejas que enviam missionários mais comprometidas com o envio, apoio, mentoramento e acompanhamento dessas famílias missionárias rurais no campo. Sonho um dia em ver essa “classificação” missionária ser abolida, onde o missionário transcultural tem mais valor do que o missionário rural! Claro que o missionário transcultural deve ter toda a logística e acompanhamento por parte da igreja enviadora, e por que não tratarmos de igual modo o missionário rural?



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Uma igreja perseguida por ser kerigmática e martírica...


Uma igreja perseguida por ser kerigmática e martírica
Atos 4.
1-      Percebemos logo no primeiro versículo desse capitulo um padrão da igreja primitiva, “Ela anunciava e ensinava em nome de Jesus...” (At 4.1c) Como ela fazia isso? Com qual intensidade?
2-      Qual o resultado de um anúncio (proclamação – kérigma) e ensino centrado em Cristo, em seu Evangelho? (At 4.4) É praticamente impossível que uma igreja centrada em Cristo e que proclama intensamente as Boas Novas, não veja resultados de seu trabalho! Quando vivemos e pregamos o Evangelho a proclamação é tremendamente persuasiva aos pecadores!
3-      Uma igreja posta no meio. Quer dizer no centro da perseguição, (4.7). “Pondo-os no meio...” não é estar em evidência, mas se tornar alvo do ataque do inferno e suas hostes espirituais da maldade. Como a igreja quer hoje estar no centro? Em qual centro ela se encontra?
4-      Uma igreja só terá ousadia se for cheia do Espírito Santo (At 4.8a). Não podemos nos esquecer do que Jesus disse: “ ...ficai, porém, na cidade de Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder”. (Lucas 24.49) Consequentemente sua liderança também deve ser cheia do Espírito Santo, pois assim ela tem voz: “Então, Pedro cheio do Espírito santo, lhes disse: ”. Pedro falou...
a)      Um líder cheio do Espírito Santo, falou;
b)      Precisamos ser líderes cheios do Espírito Santo para falar:
c)      Falar na hora certa;
d)      Falar o que convém;
e)      Falar com autoridade;
f)        Falar tendo propriedade do que é dito;
g)      Falar porque tem uma resposta plausível aos questionamentos daqueles que são nossos opositores e perseguidores;
h)      Falar a Palavra de Deus;
i)        Falar sem temer;
j)        Falar a verdade com veracidade;
k)      Falar o que o Espírito Santo impulsiona.
5-      Essa igreja tem uma resposta àqueles que a inquirem. (4.9). Precisamos como igreja ter uma resposta a essa sociedade pluralista, relativista, secularista, hedonista, pragmática e narcisista!
6-      Sua pregação tem como base Cristo, (4.10-12). É Cristrocêntrica no anuncio e no ensino da Palavra. Em que se baseia nosso anúncio? Em que consiste nossa pregação? Há pessoas que falam mais sobre a sua instituição do que sobre o Evangelho! (Atos 8.5-8).
7-      As pessoas reconhecem a Fonte e a causa da ousadia dessa igreja. (4.13) “ E tinham conhecimento de que eles tinham estado com Jesus...”. O que as pessoas reconhecem em nós? Elas podem notar alguma característica cristã em nossa vida? Fora das quatro paredes o quanto eu pareço um verdadeiro adorador?
8-      Ela se torna irrepreensível por causa poder que nela opera, (4.14-16). A vida de santidade e de busca em Deus, resulta em uma igreja operante, que é respaldada tanto pelo poder de seu testemunho como pelo poder do que ela realiza em Deus!
9-      Então ela é perseguida, seus opositores se levantam para coibi-la. (4.17-18). Uma igreja que não sofre nenhuma manifestação contrária onde a mesma está inserida, pode apontar para uma atuação fraca, inibida, enfim possa ser que esta esteja acomodada em seu próprio ninho!
10-  Contudo essa igreja é ousada e não se detém. Por quê hoje a igreja acaba se detendo diante dos desafios? (4.19-20). Por que algumas igrejas têm se detido na propagação do Evangelho? Por que muitos de nós tememos falar de Jesus? Por que muitos não desfrutam de ousadia para ser testemunhas de Cristo? (Atos 1.8).
“Procuremos desenvolver nosso chamado, sejamos não apenas uma igreja plantada em determinado lugar, mas uma igreja presente atuante! Uma igreja plantada todos sabem onde ela está, seu endereço; uma igreja presente, estar em movimento, ela atua e se faz presente em sua comunidade! Uma igreja plantada, preza por suas programações, uma igreja presente pelos desafios onde ela está inserida! Uma igreja plantada está acomodada a sua situação, uma igreja presente, não se conforma em não fazer a diferença! ”

Luciano Costa. 2 de março de 2018.


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