Lançamento do livro " A Missão de Deus e a Igreja" do autor Luciano Costa.



 

Acredito que tem sido um desafio tremendo para àqueles que lidam com a plantação de igrejas. Pastores de igrejas que enviam famílias missionárias aos campos brancos e são mantenedoras de novas plantações de igrejas no sertão e em outros lugares. Todavia, minha preocupação em escrever esse texto é única e exclusivamente tentar alertar para alguns perigos que corremos nesse processo. Principalmente na plantação e revitalização de igrejas no Sertão do Nordeste.

Sugiro a leitura dessa obra ( sou suspeito para indicá-la), mas espero que você mesmo possa descobrir a relevância da mesma para a obra missionária e para os nosso abnegados missionários rurais espalhados por esse sertão!


Luciano Costa

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Cultura e Cosmovisão...

 



" Percebo um medo de muitos de nós ( cristãos) de nossa própria cultura sertaneja... O Evangelho penetra culturas, uma cosmovisão bíblica nos leva a entender a cultura, e não a demonizar toda e qualquer cultura... Achamos que criando um "gueto" cultural gospel estamos construindo "fortalezas" para preservar e guardar nossa santidade...esse tipo de postura cria uma "bolha cultural" que não nos dá a percepção do que é mundano ou não na cultura. Isso vem de uma cosmovisão dualista, de uma dicotomia grega, um gnosticismo evangélico, no qual separamos a vida em dois compartimentos apenas: sagrado e secular! E depois de fazermos nossa distinção dicotomizada do que é sagrado, achamo-nos no direito de demonizar todo o resto..."! ( Luciano Costa)

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Sobre o que o evangelho de Cristo é para nós...


EM BREVE ESTAREMOS REALIZANDO O TRAINING VOCATIONS!

"Acredito que nossa letargia espiritual e missionária é fruto dessa falta de “convencimento”, isto é, de uma verdadeira convicção sobre o que o evangelho representa e sobre sua eficácia em nossa vida. É possível que acreditemos que o evangelho seja algo bom, seja uma notícia boa, mas que não vale apena viver e morrer por ela, ela não é tão indispensável assim, podemos ter outras coisas nas quais no agarramos e confiamos além do evangelho de Cristo, o que nos torna infrutíferos em nossa vida cristã e fracos em nossa missão proclamadora do mesmo"! 

(Luciano Costa)

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Sobre o tema da EMITES Edição Especial – On Line – Julho de 2020. “Coram Deo”





Sobre o tema da EMITES Edição Especial – On Line – Julho de 2020.
“Coram Deo”
Fui interrogado por alguns jovens sobre essa temática, o porquê de um nome tão estranho? Ou uma expressão quase que totalmente desconhecida? Na verdade o tema visa proporcionar uma ampliação da nossa cosmovisão sobre como compreendemos nossa atuação nesse mundo, bem como nosso lugar nele.
Corremos o risco de delimitar a relevância da presença de Deus em nossas vidas, como se a mesma estivesse restrita ao lugar de culto e adoração. Ou ainda de fragmentar a própria vida em duas ambiências: uma sagrada e outra profana (secular)! Vivendo na presença de Deus continuamente e constantemente é a ideia principal dessa expressão. Segundo Darrow Miller em seu livro, “Vocação – escreva sua assinatura no Universo:

“Nossos antepassados na fé usaram a frase em latim coram Deo para descrever esse estilo de vida. A palavra coram é derivada do latim cora, que significa “a pupila do olho”. É traduzida como “em pessoa”, “face a face”, “na presença de alguém”, “diante dos olhos”, “na presença de”, “diante de”. A segunda, Deo, é a palavra latina para Deus. A ideia chave na frase é de um relacionamento pessoal e íntimo. Nesse caso, Deus me conhece intimamente. Nada está oculto. E eu estou conscientemente procurando viver toda a minha vista na presença de Deus – “diante da face de Deus”. Alguns têm usado o conceito de “plateia de um só espectador” para descrever esse estilo de vida”.

Pode nos parecer um tema “estanho” em face de sua pouca divulgação e por quase não ouvirmos de nossos púlpitos essa abordagem sobre cosmovisão. Todavia, é uma temática urgente, pois precisamos ter uma compreensão plena e bem embasada de nossa fé e de nossas convicções. Por que cremos assim e não de outra forma? Como nossos valores morais, espirituais, familiares, sociais, econômicos entre outros foram e são definidos a cada dia? Portanto, enfatizamos a relevância desse estudo e dessa temática.
Sobre a origem da referida frase [Coram Deo], é pertinente apontarmos um referencial teórico para a mesma, citarei um texto extraído do livro “Introdução à Cosmovisão Cristã”, escrito por Michael Goheen e Craig G. Bartholomew, publicado pela Editora Vida Nova:

“Em todos os aspectos da vida humana, a pessoa se vê face a face com o Deus vivo. A vida humana inteira vivida coram Deo, “diante da face de Deus” ou “na presença de Deus”. Essa expressão latina é encontrada cerca de cinquenta vezes na Vulgata (a tradução da Bíblia feita por Jerônimo para o latim). A expressão bíblica faz lembrar uma imagem das cortes no antigo Oriente, a saber, a sala do trono do monarca onde os servos do rei ficavam diante dele a postos, alertas, sempre conscientes de sua presença, prontos, preparados para reagir às ordens do rei. Viver coram Deo é viver na presença de Deus e ter consciência dessa presença, reagindo positivamente à sua palavra, estando pronto para servi-lo”.

Portanto, meus amados irmãos, obreiros e alunos dessa Edição Especial da EMITES, que essa presença permeei nossos dias, nossas ações, nossas decisões, nossas famílias, nosso servir e nossa adoração! Somos chamados a vivermos plenamente na presença de Deus, somos chamados a viver um estilo de vida Coram Deo.


MILLER. Darrow, L. Vocação – escreva sua assinatura no Universo. Publicações Transforma. São Paulo-SP. 2012.

GOHEEN. Michael W. & BARTHOLOMEW. Craig G. Introdução à Cosmovisão Cristã. Vida Nova. São Paulo. p.66. 2016.



Luciano Costa.
Coordenação da EMITES. 



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Um tempo de descobertas...




Um tempo de descobertas...
(A crise do COVID-19)
(Luciano Costa)
Vivemos dias de intensa e profunda reflexão. Paradigmas estão sendo revistos, posicionamento estão sendo questionados. Novas atitudes (ou atitudes antigas) estão sendo postas em prática. E a vida tenta prosseguir, com o “isolamento social” que promove a proximidade com os que nos são mais preciosos (família e entes queridos). De repente muitos de nós nos vimos perdidos dentro de casa não sabendo lidar com a vida em comunhão com àqueles que nos conhecem.
Acabamos descobrindo o valor de algumas realidades básicas: a liberdade de ir e vir, que precisamos abrir mãos agora para podermos usufrui-la depois. Que tudo o que acumulamos dentro de casa não faz sentido, quando não temos com quem nos relacionar (quem mora sozinho, como fica?). Que a vida perde o sabor se não podemos escolher o que fazermos! Não há escolhas múltiplas para fazermos, há uma obediência que até mesmo nossa consciência nos impõem.
Alguns cristãos acabaram de descobrir que o culto tem algum sentido, que pode lhes fazer falta. Já que agora as igrejas estão fechando temporariamente seus locais de reunião de cultos. Outros alegam que tanto faz, assim pregações em casa substituem a comunhão dos santos (ainda que ajude a alimentar espiritualmente, não substitui a verdadeira comunhão de estar juntos).
Então, os santos deverão entender por um tempo o quanto lhes é cara a comunhão e o ajuntamento do povo de Deus para cultuar. Quem sabe Deus não esteja tratando com o seu povo, essa crise deve gerar despertamento e dependência de Deus.
O resgate do culto doméstico ou aumento da dependência do celular? O que queremos nesse período de quarentena? Muitos alegam que em casa buscam a Deus, mas não é fácil desenvolver um hábito em algumas horas, e ainda que o mesmo envolva “as coisas de Deus”.
Para os líderes (pastores/missionários) fica a lição que apenas eventos não promovem o verdadeiro discipulado e não gera verdadeiros discípulos de nosso Senhor Jesus! Muitos cristãos acreditam piamente que não conseguem sobreviver espiritualmente sem a participação aos cultos (ajuntamento do povo de Deus) por alguns dias, não se veem se esse meio da graça para a sua vida espiritual. Quem sabe, não estejamos ensinando sobre a relevância da vida devocional individual e familiar?
Por muito tempo não estávamos dando a devida atenção para elementos básicos da fé cristã. Pequenos grupos de oração e comunhão na igreja, culto doméstico, leitura bíblica e meditação na verdade bíblica, oração do secreto do nosso quarto (Mateus 6.6).
Agora são, quem sabe os únicos meios que dispomos por um tempo indeterminado para cultivarmos nossa fé, para promovermos nosso culto, para realizarmos nossa adoração ao Senhor dos senhores. É na verdade um tempo de descobertas, o que estamos descobrindo? O que Deus está nos revelando? Nossa dependência total dEle ou de outros meios para sermos igreja? Nossa fraqueza e debilidade espiritual, quando nos sentimos iguais aos que não conhecem ao Deus que proclamamos? Desesperados, ansiosos, perturbados (Sl 91)?
É um tempo de descoberta e que nesse tempo possamos descobrir o quanto somos dependentes de Deus e o quanto precisamos priorizá-lo em nossas vidas, em nossas atitudes, em nosso lar, em nosso próprio ser. (Mateus 6.33).

Luciano Costa. 20 de março de 2020.




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UMA COMUNIDADE MISSIONÁRIA CENTRADA NO EVANGELHO.




UMA COMUNIDADE MISSIONÁRIA CENTRADA NO EVANGELHO.
Ev. Luciano Costa
INTRODUÇÃO: Há tantas igrejas que estão “fazendo missões”, sem contudo, pautar sua visão e ação missionária nos pressupostos bíblicos teológicos que a missão de Deus pressupõem. Nossa ação missionária deve estar pautada e conduzida pelo entendimento do evangelho que abraçamos (convicção e confissão de fé), que proclamamos (evangelização) e que ensinamos (evangelização e discipulado), e que a mesma seja genuinamente bíblica (teologicamente coerente com a Palavra de Deus).
Consideremos uma característica definitiva de uma comunidade centrada no evangelho: “A comunidade centrada no evangelho é uma comunidade que alcança outras pessoas como Deus a alcançou”.
Nenhuma igreja pode se utilizar dos recursos que Deus dispôs para ela, apenas para seu próprio usufruto, é uma usurpação! Ela é uma igreja enviada e deve estar em missão, falhamos sempre que não compreendemos qual é a nossa identidade e para o que fomos chamados? Investimos onde Deus não mandou e ampliamos o que ele não nos mandou ampliar, enquanto isso, os campos estão brancos, missionários treinados esperam ser enviados, outros aguardam a complementação de seu sustento...
I – O QUE É UMA COMUNIDADE CENTRADA NO EVANGELHO?
a)      Uma comunidade que reflete o evangelho em sua vida diária.
Em seus relacionamentos, em suas famílias, vivendo Coram Deo. Para refletir o evangelho em suas relações do cotidiano a igreja precisa ter uma cosmovisão bíblica, não dicotomizada de sua vida com Deus. (Atos 2.44;46;32) 
b)     Uma comunidade que se reúne para aprender sobre o evangelho.
 John Stott falando sobre essa característica aponta: “A primeira característica que Lucas menciona é muito surpreendente; acho que nós não a teríamos escolhido. É que uma igreja viva é uma igreja que aprende. “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos” (At 2.42).  
c)      Uma comunidade que tem a alegria das boas novas compartilhada. Se a igreja não encontra espaço para compartilhar o evangelho durante a semana [em seus relacionamentos casuais], e deixa apenas algum momento no domingo para “evangelizar”, ela se imagina com um dever de anunciar em algum momento, mas não se percebe como uma igreja em essência querigmática. (Atos 5.42; 6.7)
d)      Uma comunidade que discípula os seus convertidos.
Muitas vezes achamos que nossa missão evangelizadora é concluída quando alguém aceita a Cristo, o processo apenas começou, mas a pessoa não conhece [aprendeu sobre o que é o evangelho] ainda o evangelho que abraçou pela fé, ela precisa ser ensinada a guardar essa nova verdade revelada por Deus no evangelho, como ela vai praticar um evangelho que desconhece? (Atos 8.29-31).
e)      Uma comunidade que treina os seus vocacionados. Nem sempre damos a devida atenção aos vocacionados que temos na comunidade. Só atentamos para os “chamados específicos” que são reconhecidos como missionários, ou pastores que assumirão trabalhos ou serão enviados (Efésios 4.11-12). E os vocacionados que sempre teremos na comunidade? Como viverão seus chamados? Quem são eles? Como serão treinados e oportunizados no desenvolvimento de seus dons e talentos? [Procuremos entender no mesmo texto o que Paulo quis dizer com “...querendo o APERFEIÇOAMENTO dos santos, para a OBRA DO MINISTÉRIO, para a EDIFICAÇÃO do corpo de Cristo, até que TODOS cheguemos à UNIDADE da fé...(...) para que não sejamos mais meninos inconstantes... (...) antes SEGUINDO a VERDADE em AMOR, CRESÇAMOS em TUDO naquele que é a cabeça, Cristo”]. (Efésios 4.11-15).
f)        Uma comunidade que envia missionários, porque ela tem consciência que é enviada. Temos que acabar com essa visão mesquinha que o envio de missionários para plantar novas igrejas é coisa para igrejas grandes, que tem muitos recursos! Plantação de novas igrejas é um processo natural para igrejas saudáveis e espiritualmente conscientes de sua missão. Podemos plantar uma nova congregação no bairro de nossa cidade aonde ainda não tem uma igreja acessível, naquela comunidade rural do nosso município e vamos ampliando o campo de atuação, conforme a visão e o envolvimento da igreja cresce. (João 20.21). [“Sempre fiz questão de pregar o Evangelho onde Cristo ainda não era conhecido...” (Romanos 15.20 BKJ).
g)      Uma comunidade que se envolve com a plantação de novas igrejas, sem contudo, se deter em suas próprias limitações. A plantação de igrejas tem se mostrado o meio mais eficiente para a divulgação e perpetuação do evangelho em várias culturas, contextos e realidades. Somente a proclamação e a evangelização não podem subsistir sem que haja um grupo de pessoas que se reconheçam e se percebam como igreja. Oração, evangelização, evangelismo, discipulado, batismo, ensino contínuo da Palavra de Deus são meios legítimos pelos quais uma igreja é plantada, mas se tudo isso não resultar em plantação de novas igrejas, perde-se os seus resultados ao longo do caminho”! (Luciano Costa). [Há igrejas com 50 anos de existência, mas que nunca geraram nenhuma filha! Qual a questão? Outras há que tem apenas três anos de existência e já estão gerando filha(s).]

h)     Uma comunidade que entende qual o propósito da adoração em sua vida e missão. A adoração não é um evento que participamos, a adoração nessa comunidade está refletida nos compromissos com a santidade, amor mútuo, na alegria do serviço cristão prestado com a motivação correta, a glória de Deus. O próprio culto culmina nesse ambiente saudável, onde os talentos e dons apenas são meios que glorificam a majestade divina e não o ego humano. Ninguém reclama de uma oportunidade que não teve, pois ao sair de sua casa para o ajuntamento essa pessoa já sabe quem é em Cristo, e o que ela fará na ambiência da reunião de adoração. Ela simplesmente adora e se voluntaria para servir! Não busca outra glória, somente a glória de Deus e louvá-lo! [Louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. (Atos 2.47)].
II – ALGUNS CONCEITOS EQUIVOCADOS SOBRE A MISSÃO.
Com o intuito de compreendermos melhor esse termo, precisamos analisar alguns conceitos equivocados que ao longo dos anos tem estado na ambiência evangélica. (Conceitos equivocados porque não compreendem a plenitude da missão, mas a fragmenta e a diminui)
1-      “A palavra missionário só se refere a quem recebeu o chamado especial de Deus para se dirigir a outras culturas e pregar o evangelho.” (Extraído do livro “A Comunidade Centrada no Evangelho”. Fiquei recentemente sabendo através de uma jovem que está fazendo uma escola de missões, que é essa compreensão que e ensinada lá.
2-      O desafio de motivar os vocacionados a viverem seu chamado aonde estão e aonde forem. Que esse chamado esteja presente em sua própria profissão e capacitação, que ele seja exercido no púlpito ou nas ruas, nos corredores de um hospital, ou em uma sala de aula, ou numa creche, ou em um asilo para idosos, o relevante é sermos fieis mordomos daquilo que Deus nos deu e nos proporcionou! Não nos preocupamos com os “outros” vocacionados”, pois essa “vocação” é secular e por isso não é sagrada a ponto de ser tratada como algo de Deus!
3-      Que o envio missionário é para super-heróis, missionários enviados são seres “angelicais” santos de um outro nível.
IV – COMO PRATICAMOS NOSSA CENTRALIDADE NO EVANGELHO ONDE ESTAMOS INSERIDOS?
a)      Qual o nosso nível de relacionamento com as pessoas de fora de nossa comunidade cristã? Quero trazer alguns pontos que estão no livro “A Comunidade Centrada no Evangelho”:
b)       “Todas as pessoas do nosso grupo mantêm amizades genuínas com não cristãos? (O ponto não é se você, em particular, chamaria não cristãos de amigos, mas se eles o chamariam de amigo).
c)      “Nosso grupo cria espaço para que esses relacionamentos ocorram? Somos um grupo de cristãos isolados que vivem de forma individual ou vivemos juntos em missão? Conhecemos os amigos não cristãos dos nossos amigos?”.
d)      “A linguagem que utilizamos é acessível aos de fora? Ou nossas conversas são regadas a jargões cristãos, piadas internas ou referências à igreja que fazem sentido apenas à nossa tribo?”.
e)      “Reunimo-nos em lugares que os não cristãos consideram hospitaleiro e acolhedor? Existe alguma coisa sobre o local, o período ou a dinâmica do nosso encontro que tornaria difícil a participação de alguém de fora?”.
f)        “Participamos de modo ativo da vizinhança em que nos reunimos? Ou apenas nos encontramos nesse lugar, estudamos a Bíblia e em seguida vamos embora novamente? Os não cristãos nos veem trabalhando para o bem da vizinhança ou cuidamos apenas das necessidades do nosso grupo?”.
g)      Qual o nosso envolvimento na missão de Deus a outros lugares e culturas (enviando pessoas ou indo)? [Extraído do Livro A Comunidade Centrada no Evangelho].
FINALIZANDO ESSA ABORDAGEM (não concluindo a temática).
Uma Comunidade Missionária Centrada no Evangelho é uma igreja que prima pelo conhecimento e ensino e proclamação do Evangelho, pela koinonia, e pelo serviço abnegado pela causa de Cristo. Há alegria no servir, a adoração não é um fardo ou uma agenda de domingo. Há crescimento espiritual e quantitativo na mesma. É uma igreja de visão e ação. Gerando vidas e multiplicando-se por onde quer que for!

FONTES CONSULTADAS
Bíblia Sagrada. Versão BKJ.
THUNE, Robert H. & WALKER, Will. Comunidade Centrada no Evangelho. Editora Vida Nova. São Paulo. 2017.
STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. Editora Ultimato.Viçosa-MG. 2010.
STOTT, John. A Igreja Autêntica. Editora Ultimato/ABU Editora. São Paulo. 2013.
* Luciano Costa é pastor de tempo integral na Assembleia de Deus na cidade de Santana do Matos-RN. Pedagogo –UERN. Atualmente está fazendo o Curso Intensivo Plantador de Igrejas da Atos 29. Coordena a EMITES (Escola Missionária de Treinamento Estratégico para o Sertão). Há doze anos atua na plantação e revitalização de igrejas no Sertão do RN.











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Uma Igreja plantada no Sertão

Uma igreja é realmente plantada no sertão de forma saudável, quando ela consegue desenvolver seus ministérios (dons de serviço, dons espirituais, dons ministeriais) e cumprir sua missão discipuladora em seu próprio contexto! Quando ela treina seus membros (para o serviço cristão), forma novos líderes (com a visão de servir ao Reino) e permite o desempenho de seus vocacionados (talentos, profissões à serviço do Reino) e o crescimento espiritual destes! Quando ela realmente se torna saudável, as disputas de “poder” e por visibilidade humanas são substituídas por um serviço (ministério) abnegado e alegre, realizado única e exclusivamente para a glória de Deus”!
(Luciano Costa)

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POR QUE NÃO EVANGELIZAMOS?



POR QUE NÃO EVANGELIZAMOS?
Luciano Costa
Introdução: Não sabemos aonde deixamos de lado essa prática que permeou o crescimento das ADs pelo brasil. A evangelização não era algo tão planejado (não que seja errado planejar) todavia, era uma ação que fazia parte da vida da própria igreja, era algo que fluía naturalmente. Hoje no entanto, embora haja uma vasta literatura disponível sobre como evangelizar, cursos, palestras, seminários e afins, mas poucos se dispõem para ir e pregar e/ou evangelizar pessoalmente, compartilhar as boas novas de salvação em Cristo Jesus.
Segundo, Mark Dever, “Reprovar é uma palavra que não usamos mais com frequência. É uma palavra severa, desagradável e inflexível. No entanto, talvez seja uma boa palavra a usarmos para assumir como muitos de nós temos saído em obedecer à chamada a evangelizar. Jesus nos mandou contar a todas as nações as boas-novas, mas não temos feito isso. Ele chama pessoas a serem pescadores de homens, mas preferimos observar. Pedro disse que devemos estar sempre preparado para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que temos, mas não estamos. Salomão disse que quem ganha almas é sábio, mas falhamos nisso”. (DEVER, p.24. 2015).
É exatamente essa a palavra que pesa sobre nós. Não estamos sendo aprovados na proclamação das boas novas. Igrejas pararam no tempo, não crescem, não avançam, não geram vidas e adoecidas comprometem àquelas que estão sendo “mantidas” dentro de sua ambiência hedonista e pragmática.
1-     Será mesmo que a evangelização é tarefa para todos?
Um mito que alimentamos é que evangelizar é algo para especialistas na área! Mas na verdade quem mais fala de Jesus ao próximo são as pessoas comuns, simples e que sabem ou aprenderam apenas o básico sobre a teologia que abraçaram. Geralmente quem estuda muito a teologia, pouco dispõem seu tempo para pregar para pessoas na ruas, no trabalho, na faculdade e etc.
Mas o que a Palavra de Deus nos fala sobre essa responsabilidade?
a)     Mateus 28.18-20
b)     Estes discípulos levaram a sério a Grande Comissão dada por Jesus. Eles evangelizaram constantemente (At 5.42; 8.25; 13.32; 14.7; 15.21; 15.35; 16.10; 17.18).
c)     Mas hoje muitos perguntam, quem deve evangelizar? Só quem foi treinado ou se considera capacitado para tal!

2-     Quais desculpas estamos dando para não anunciar a Cristo? Para não evangelizarmos?  
a)     Não sei falar de Jesus. (Êxodo 4. 10-12).
b)     Tenho medo, não sou tão ousado assim. (II Timóteo 1. 7-8).
c)     Tenho vergonha, não sei como as pessoas vão me tratar. (II Timóteo 1.8a; Romanos 1.16).
d)     Não tenho habilidades e nem sou carismático a tal ponto. (II Pedro 1.3; Marcos 16.20; Atos 8.4).
e)     Evangelizar é uma tarefa para pessoas preparadas espiritualmente, não sei qual situação me aguarda. A questão é preparo espiritual? (Atos 1.8).
f)      Preciso amadurecer mais, só assim irei me envolver com a evangelização.
g)     Julgamos as pessoas como inacessíveis ao evangelho, acreditamos que elas não ouvirão e que não aceitarão a mensagem. (Romanos 10.14).
3-     Algumas sugestões aos que desejam se arrepender de sua desobediência ao cumprir com a grande comissão, na parte da proclamação; segundo o Mark Dever em seu livro “O Evangelho e a Evangelização”:
a)     ORE. “Acho que muitas vezes não evangelizamos porque fazemos tudo em nossa própria capacidade. Tentamos deixar Deus fora do assunto. (...) Em palavras simples, não oramos por oportunidades de compartilhar o evangelho. Então, por que devemos ficar supressos se as oportunidades não nos vêm? Se você não evangeliza porque acha que não tem oportunidades, ore e admire-se quando Deus responder às suas orações”.
b)     PLANEJE. Para vencer as desculpas de não ter tempo nem oportunidades, “precisamos planejar a separação de tempo para estabelecermos relacionamentos ou nos colocarmos em posições em que seremos capazes de conversar com não-cristãos. Fazemos planos para tantas coisas menos importantes; por que não os fazemos para a evangelização?”.
c)      AJA. Certamente não iremos evangelizar se não aceitarmos a condição que Cristo quer nos fazer, “pescadores de homens”, precisamos nos disponibilizar para ir e falar de Jesus para alguém. Orar, planejar e agir.
d)     COMPROMETA-SE. Se não formos e anunciarmos o evangelho estamos em velada desobediência à ordem do Senhor Jesus!E disse-lhes: "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas”. (Marcos 16.15).


Ev.Luciano Costa. 13 de março de 2020. Doutrina na IEADERN em Santana do Matos-RN.



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A MISSÃO DE DEUS E A IGREJA...


“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!”

A missão de Deus está sendo realizada pelo próprio Deus. A missão sempre será possível, ela não pode ser impedida, nem abortada. A igreja é a agência escolhida para desempenhar e participar da missão do próprio Deus! A igreja não pode se omitir! Ela é privilegiada por ser convocada para participar daquilo que o próprio Deus está realizando no mundo. 

Contudo, nesse texto percebemos o que acontece quando a igreja se compromete e se envolve com essa missão em execução. “E eles, tendo partido...”. 

1- Uma igreja em movimento, uma igreja que age, que se envolve, que se move, que atua, que se mobiliza, que acredita no seu envio ao mundo e aonde está plantada. 

2- Eles partiram para ação! Partiram para obediência! Partiram para o alvo, partiram para a proclamação...

3- Temos que compreender que não precisamos esperar uma segunda ordem, não precisamos esperar algo mais especifico [ainda que haja vocações e chamados específicos (Efésios 4. 10-13], não precisamos ouvir um segundo ide, ou que devemos nos mover e ir, porque já somos uma igreja enviada em missão. Somos uma igreja enviada a pregar onde estamos e a aonde formos!

Aquele pequeno grupo ante o desafio que estava diante deles, não se intimidou: “... pregaram por todas as partes...”. Eles cumpriram a sua missão, se envolveram no chamado de cada um e na grande comissão de todos!

1- Eles pregaram! Isto é fato! Mas o que eles pregaram? A quem pregaram? Certamente não era uma proclamação de sua “denominação”, não era uma pregação antropocêntrica, na qual o homem está no centro de tudo, mas apresentavam a Cristo como Senhor e Salvador. Não pregaram a si mesmos, mas a Cristo!

2- Pregaram o Evangelho de Cristo! Não precisaram melhorar a mensagem a qual Paulo afirmara que era loucura para os que perecem ( I Co 1.18)! Não criaram atrativos para tornar o evangelho mais desejável, sabiam que a mensagem é poderosa (Rm 1.16) e não precisava de enfeites, de ser alterada ou modificada para atingir os corações endurecidos pelo pecado.

3- Não escolheram a quem deveriam pregar! Não escolheram aonde deveriam pregar! Pregaram por todas as partes a todos os que puderam alcançar! Apenas pregaram, como disse Paulo a tempo e fora de tempo (II Tm 4.2), aconselhando ao seu jovem obreiro (filho na fé) Timóteo. 

4- Por onde temos ido? Até aonde a nossa igreja local alcança? Até aonde a nossa luz irradia? Estamos realmente pregando? Estamos limitando o nosso campo de atuação? Somos como os “pintinhos” nascidos na chocadeira que ainda precisam estar e permanecer “aquecidos” dentro da mesma [isto é, das quatro paredes da igreja, local de reunião de cultos]?

5- Pregaram por todas as partes, diz respeito a pregar aonde estiver aonde for. Fala de uma igreja querigmática [proclamadora] das boas novas, essa igreja tem prazer, alegria, gozo em compartilhar as Boas Novas de salvação em Cristo Jesus. 

6- Pregaram por todas as partes fala de uma igreja em movimento intencional de propagação e plantação de novas igrejas por onde ia, eles não esperaram um segundo pentecostes para poder sair e pregar por todas as partes, entenderam que era essa a sua missão. 

7- Pregaram por todas as partes é uma ação que só acontece em uma igreja que tem a consciência que é e está enviada nesse mundo em missão, ela não precisa atravessar nenhuma outra fronteira, senão a da própria desobediência ao ide do Senhor. Ela sabe que vive no envio ao mundo e não pode nem deve fugir do mesmo. (João 20.21).


Quando a igreja decide obedecer e viver sua missão aqui na terra, algo extraordinário acontece, Deus entra em cena, “...cooperando com eles o Senhor.” Não há apoio melhor e maior, não há parceria que seja mais abençoada do que essa, o próprio Deus coopera conosco, é assim que o texto diz! 


1- Uma igreja que conta com a cooperação do Senhor na realização de sua missão proclamadora realiza grandes feitos para Deus, pois a cooperação de Deus muda tudo. Faz frutificar o trabalho, vidas são alcançadas, libertas, curadas e integradas ao corpo de Cristo. 

2- O contrário é simplesmente trágico. Quando a igreja “opera” sem essa cooperação, quando ela não inclui nem se importa de fazer suas próprias programações e eventos, sem contudo se preocupar com a missão de Deus nesse mundo, ela gasta muito, promove muito, se possível se esforça muito, mas colhe muito pouco ou quase nada. Porque Jesus mesmo falou: “Sem mim nada podeis fazer!” 

3- Nossa missão só é possível com a cooperação do Senhor, sem a sua cooperação não podemos ver a Palavra sendo confirmada, com os sinais que se seguiram àqueles que indo, partiram por todas as partes pregando a Cristo. 

4- Outra coisa, é indevida a operação de maravilhas para uma igreja que não sai a lugar nenhum para pregar a Cristo. Uma igreja que não anuncia o Evangelho não pode reivindicar as bênçãos que deste procedem! É uma usurpação o “culto dos milagres” para uma igreja que não prega em sua própria rua, bairro e cidade a Cristo! Uma igreja que não brilha, que não é sal e luz onde está plantada, não pode ser considerada igreja de Cristo! 


Perceba que o Senhor deseja confirmar algo, que ele almeja confirmar, no sentido de autenticar, participar, validar, fazer valer. “...e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram”. 

1- Deus não está interessado em confirmar nossas “teologias”, nem as falas dos eruditos de nossa época. Ele não se impressiona com nossos eventos mais famosos, nem como nossos cantores e pregadores midiáticos. Ele confirma a sua Palavra pregada por uma igreja que está em missão nesse mundo.

2- Ele atua conjuntamente com essa igreja que parte (vai e indo prega) por todas as partes (alcança lugares ainda não alcançados) pregando (anunciando de forma clara e compreensível a mensagem do evangelho). Ela só parte porque está convicta da mensagem e do Cristo que abraçou pela fé. [Por que muitos hoje não se movem do lugar para ir por todas as partes pregando a Palavra?].

3- Como Deus confirma a palavra? Com os sinais que se seguiram! Ele confirma a sua Palavra com curas, libertação, maravilhas e salvação. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer. 


Portanto, somos sim, uma igreja em missão! Enviada a partir e onde a mesma foi plantada! Deus o Pai e o Filho estão em missão e enviaram o Espírito Santo, e o Espírito Santo é enviado para estar com essa igreja em missão. A tarefa precisa ser levada a cabo, não podemos nos omitir. “E tendo eles partido...”.

Concluo esse raciocínio com esse texto bíblico: “E todos foram cheios do Espirito Santo, e começaram...” (Atos 2.4a). O que nos falta para começar? O que falta para a igreja concluir a sua tarefa missionária?


Autor: Luciano Costa. É pastor de tempo integral na Assembleia de Deus na cidade de Santana do Matos-RN. Casado há 22 anos com Jussária Morais e tem dois filhos Lucas Ezequiel e Leda Soares. 

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Evangelismo e Ação Social no Contexto Sertanejo.




Evangelismo e Ação Social no Contexto Sertanejo.
*Luciano Costa
Introdução: Tratar sobre essa temática, torna-se um desafio, partindo do ponto de vista, que vivemos momentos em que a igreja brasileira “pendula” para posições extremadas sobre como deve vivenciar e realizar a sua missão evangelizadora e discipuladora.
I – O contexto do Sertão
Quando olhamos para o sertão nordestino temos já “caricaturada” a imagem de um povo sofrido, pobre, de pouca cultura, castigado pelas secas. Mas a razão maior da pobreza e miséria no sertão não é apenas a seca. Em seu livro “Missionários para o Sertão Nordestino – desafios, capacitação e evangelização integral”, O Pr. Ildemar Nunes de Medeiros, ressalta:
“O sertanejo sofre mais com as injustiças sociais do que com a escassez de recursos naturais. Padece com a “indústria da seca”, manipulada por interesses políticos e por grupos poderosos, ou seja, a atitude mais comum é que se atribuam as causas da pobreza nordestina à natureza, ao clima, à geografia, quando na verdade as causas são decorrentes de problemas políticos, sociais e culturais, historicamente construídos”.
Percebe-se que no contexto sertanejo, há necessidades variadas, pobreza, analfabetismo, doenças, vulnerabilidade social, etc.  É um ambiente propício para a realização de ação social e de assistencial social. Todavia, como sou nascido e criado no sertão, percebo que há ações sociais que não contribuem com a evangelização, pela forma como são realizadas. |Em seu livro “A Missão Cristã no Mundo Moderno”, o John Stott, apresenta alguns conceitos sobre essa temática:
“Qual deveria ser a relação entre evangelismo e ação social no contexto da responsabilidade social? (...) Primeiro, alguns consideram a ação social um meio de evangelismo. (...) Em sua forma mais ostensiva, isto faz do trabalho social (seja alimentação, saúde ou educação) o açúcar no comprimido, a isca no anzol, ao mesmo tempo em que, em sua melhor forma, dá ao evangelho uma credibilidade que, de outra maneira, ele não teria. Em qualquer dos casos o cheiro de hipocrisia permeia nossa filantropia. (...) E o resultado de fazer do nosso programa social um meio para outro fim é que produzimos os chamados “cristãos cesta básica”. (...) A segunda maneira de relacionar evangelismo e ação social é melhor. Ela diz respeito à ação social não como um meio para o evangelismo, mas como uma manifestação do evangelismo, ou pelos menos, do evangelho que está sendo proclamando. Podemos quase dizer que ação social torna-se o “sacramento” do evangelismo, pois faz a mensagem significativamente visível. (...) Se for, ainda assim, e talvez até conscientemente, elas são apenas um meio para justificar um fim. Se as boas obras forem uma pregação visível, então elas esperam um retorno; mas se as boas obras forem o amor visível, então elas são feitas “sem esperar nenhuma paga” (Lc 6.35). Isso me traz ao terceiro modo de explicar a relação entre evangelismo e ação social, que creio ser a forma verdadeiramente cristã, ou seja, que ação social é uma parceira do evangelismo. Como parceiros, os dois se completam, mas são, mesmo assim, independentes entre si. Lado a lado, cada um se sustenta por si e possui sua própria autonomia. Nenhum deles é um meio para o outro, pois cada um é um fim em si mesmo. Ambos são expressões de amor genuíno. Como o Congresso Anglicano Evangélico Nacional em Keele declarou, em 1967, “Evangelismo e serviço de compaixão pertencem, juntos, à missão de Deus” (parágrafo 2.20)”.
Temos, portanto a compreensão que evangelismo não é ação social e ação social não é evangelismo! Todavia, há uma simbiose entre essas ações no cumprimento da missão de Deus nesse mundo, conciliar e manter o equilíbrio em nossa práxis missionária no sertão exige de nós uma compreensão bíblica e teológica pautada nos ensinos de Cristo sobre a referida temática. Quem sabe, essa falta de compreensão nos leve a praticar a ação social como um meio para “evangelizar” pessoas carentes, tentar aproximar pecadores de Cristo por outros meios desassociados do evangelho e/ou sem explicar o mesmo pode ser desastroso. Tenho visto ao longo de minha caminhada pelo sertão isso acontecer. Missionários que tem pautado suas ações missionárias prioritariamente através da ação social, acabam criando dificuldades no proclamação do evangelho em determinadas regiões muito carentes de nosso interior sertanejo. Reproduzindo a citação acima do John Stott, “E o resultado de fazer de nosso programa social um meio para outro fim é que produzimos os chamados “cristãos cestas básicas”. Há sim esse perigo no sertão e quando se cria essa cultura na qual a igreja chega numa comunidade primeiramente para realizar essa ação social, mesmo antes de se fazer conhecida: quem é, a quem serve e o que pretende anunciar, perde-se o foco! Perde-se a essência da proclamação bíblica das boas novas!
2- A evangelização como prioridade na proclamação das boas novas.
O termo evangelização nem sempre nos traz uma definição clara do que seja e de como devemos realizá-la, podemos estar realizando algumas atividades no intuito de evangelizar, sem contudo, entendermos biblicamente o que isso significa!
Segundo Wagner (1995, p. 124) descreve há imprecisão quando tratamos dessa temática:
Muitos cristãos agem como se o significado da palavra evangelização fosse tão óbvio que não precisasse de elaboração mais aprofundada. Até mesmo alguns autores de livros sobre evangelização caem nesta armadilha. [...] mais da metade dos livros sobre evangelização, os autores nunca param para explicar exatamente em que sentido usam esse termo. Como muitos outros, eles pressupõem uma definição de evangelização, e quando o fazem, normalmente adotam o que considero uma definição inadequada.
Acredito que é justamente nessa falta de definirmos clara e biblicamente o que é a evangelização, que abrimos espaço para nos distanciarmos tanto de seu entendimento como de sua prática. A evangelização não é um programa a mais nas atividades da igreja, não é apenas mais um departamento que elaboramos para atingir metas, a evangelização é uma ação natural de uma igreja que encarna o evangelho que ensina e que viva a verdade que proclama.
A evangelização pode ser definida como sendo a proclamação da obra salvífica de Nosso Senhor Jesus Cristo aos homens. Um dos maiores evangelistas da história recente, Graham (1983. p. 6) afirma que: [...] a evangelização preocupa-se com as pessoas e o seu relacionamento com Deus e também o seu relacionamento e responsabilidade para com o seu próximo. O anúncio dessa proclamação é exclusivo da igreja e deve ser analisado dentro do seu contexto bíblico teológico, não dos seus resultados. Tudo o que a igreja local está de fato fazendo pode ser chamado de evangelização? Para Packer (1990, p. 22): [...] Nem toda proclamação que “surte efeito” é evangelização e, nem toda a pregação que “não alcança os resultados esperados”, deixou de ser evangelização. Queiróz (1998, p.15) define evangelização da seguinte forma: [...] É o trabalho que igrejas e indivíduos fazem dentro de seu contexto cultural geográfico. Falando em termos práticos a evangelização é a proclamação do evangelho de Cristo através de sua igreja que é enviada ao mundo como sal e luz (Mateus 5.13-16). Segundo Gonçalves (2019, p. 17)
A função da evangelização é uma das expressões máximas da Grande Comissão. Por isso, sua comunicação precisa ser eclesiológica, teológica, dinâmica, contextual e integral. A Grande Comissão é moldada no evangelismo, na evangelização, na integração dos novos convertidos e no discipulado cristão. [...] Reiteramos que a Grande comissão tem suas quatro faces para ser praticada pela igreja. Há igrejas que dão ênfase só na evangelização e se esquecem da integração; outras têm seu foco na integração, mas se esquecem do discipulado; e sobre o evangelismo, nem comentam. (Grifo meu).
No contexto do sertão, a escassez de treinamentos e cursos voltados para área missionária pode ser a causa da perpetuação de uma evangelização descontextualizada e as vezes desassociada dos princípios bíblicos. No afã de conseguir ganhar pessoas para Cristo (ou mesmo para a sua igreja) muitas vezes os missionários-plantadores de igrejas, buscam a utilização de várias atividades com o propósito de atrair pessoas para a igreja; todavia, nem sempre está acontecendo uma evangelização bíblica e Cristocêntrica. É nesse contexto que a ação social, muitas vezes acaba se tornando um meio para “demonstrar o amor de Deus”, ou como citam muitos, a igreja pregando com suas obras. Portanto, vamos a tentativa de definirmos o que é ação social, assistência social e assistencialismo. Jamais a igreja de Cristo falhará em sua missão evangelizadora se ela pregar a Cristo:
Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos, mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. (I Co 1.22-24).
3- A Evangelização tendo como parceira a Ação Social – como podemos conciliar essa simbiose? Sem que uma possa depender da outra para e com os seus resultados.
Tenho observado alguns missionários tentando plantarem igrejas tendo como “locomotiva” a ação social ou mesmo projetos sociais de desenvolvimentos de áreas carentes. Todavia, apesar de alguns avanços percebidos em alguns lugares, é preciso notificar, que sempre há o perigo do projeto ou da ação social gerar uma dependência dela mesma, ao invés de causar o sentimento de dependência de Deus e de seu cuidado.  Atentando para esse perigos iminentes na evangelização do sertão, bem como procurando equilibrar a parceria que esta deve ter com a ação social. Quero mencionar um entendimento que considero equilibrado do pastor e missiólogo, Ronaldo Lidório (2018, p. 130-31):
Devemos entender que: 1) A ação social não produz fé. Ao contrário, é um resultado da fé; 2) A ação social se justifica pela necessidade de aflito. Não é um balcão de troca pela fé; 3) A ação social cria um ambiente propício para que a nossa fé seja percebida e outros sejam atraídos a Cristo, glorificando a Deus, como se lê em Mateus 5.16: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
Entendo que Lidório foi coerente com o a temática, quando não exalta a ação social como algo que deve ser feito a qualquer custo, sem contudo, ter os critérios bíblicos. Acredito que um grande equívoco hoje em algumas “teologias missionárias” é dizer que tudo o que a igreja faz é missão! Esse entendimento que tudo é missão causa uma confusão na efetivação da missão. “Se tudo é missão, nada é missão”. (Stephen Neil). Confundimos ou podemos confundir ação social com evangelismo, assistência social com evangelização, eventos e programas como se fosse integração de novos convertidos.
Surge então um questionamento – como podemos conciliar essas duas ações – evangelismo e ação social no contexto do sertão?
Definindo a ação social, no sentido que estou falando: ação social é uma ajuda necessária e especifica realizada por alguém, ou por um grupo de pessoas, no intuito de socorrer uma família e/ou indivíduo que esteja extremamente necessitado, Ex. Falta de alimentos, vestes ou doenças. (Tg 2.15-16; II Co 9.9-13; I Jo 3. 16-17).
Assistência Social – é uma ação mais elaborada que intenta mudar a realidade social, econômica, cultural de alguém, ou de uma família ou de uma comunidade. Tenta promover um pouco de seguridade social, diminuindo a vulnerabilidade social. Ex: Os projetos sociais do Governo Federal tem como política pública promover o desenvolvimento e erradicar a vulnerabilidade social dos menos favorecidos, embora isso nem sempre ocorra, pelo contrário, percebemos que tem causado também uma acomodação e dependência ao Programa.
Então, segundo a orientação do Lidório (2018, p.131) temos:
“Ao olharmos para uma área, bairro, cidade, segmento social ou etnia, devemos nos perguntar como podemos comunicar Cristo e a Palavra de forma que os valores do Reino produzam salvação e transformação espiritual, bem como um público testemunho social.
Alguns passos a serem dados:
1.                 Peça ao Senhor para sensibilizar seu coração e seus olhos, para enxergar e se condoer; ter verdadeira compaixão pelos que sofrem.
2.                 Busquem os segmentos mais sofridos, como as viúvas, órfãos, encarcerados, enfermos, imigrantes e solitários.
3.                 Desenvolva uma linha de ação a partir do perfil da sua igreja. Se há um corpo presente de médicos e enfermeiros, promova clínicas volantes. Se há pessoas dispostas, inicie uma creche de auxílio à comunidade carente. Se há um corpo de psicólogos, desenvolva um programa de auxílio às doenças emocionais.
4.                 Inicie um projeto pequeno e experimental e envolva-se pessoalmente neste projeto.
5.                 Envolva a igreja com a sociedade, ensinando que em todas as áreas da vida (espirituais ou sociais), o crente deve ser luz que brilha.
6.                 Não se deixe corromper pela revolta contra a miséria e injustiça, pois um espírito revoltado não possui equilíbrio para as decisões. (grifo meu).
7.                 Mantenha em mente que a Palavra é o melhor instrumento e o maior bem que você pode usar e entregar a uma sociedade, pois só o evangelho produzirá transformação durável e permanente.
Portanto, a exposição feita por Lidório busca esse equilíbrio, ela aponta ações que podem nos ajudar em nosso envolvimento através da ação social ou das obras de misericórdia.
Ele tem nos convoca a olharmos o que dispomos na igreja se temos profissionais que podem e devem, se desejarem (voluntariamente) envolver-se em alguma ação social que possa fazer a diferença em seu próprio contexto. Mas a fala aqui não gira em torno de algo que a igreja tem que fazer senão... mas algo que a igreja pode também fazer enquanto cumpre a Grande Comissão: evangelizadora e discipuladora.
É exatamente esse equilíbrio que precisamos buscar, no qual a ação social nos ajuda a proclamar o amor de Deus através de nossas boas obras (Mateus 5.16), sem contudo se tornar um substituto da proclamação das boas novas e da apresentação do plano da salvação na pessoa bendita do Senhor Jesus Cristo.
É possível sim, conciliarmos a evangelização com ação social, isto nunca deveria nos preocupar a ponto de termos que debater tanto sobre essa temática. Todavia, como ao longo do desenvolvimento de nossa missiologia temos sofrido influências diversas, agora se faz necessário atentarmos sobre como estamos fazendo e cumprindo nossa missão para que não transformemos nossas plantações de igrejas apenas em projetos de desenvolvimento comunitário, que não venhamos a transformar nossa ação social em uma ONG que vai suplantar o avanço e a relevância da igreja, quando esta tem que sobrevier à sombra daquela!
Portanto afirmo que a missão da igreja – primordialmente como vista na Grande Comissão, na igreja primitiva mostrada em Atos e na vida de Paulo – é ganhar pessoas para Cristo e edificá-las em Cristo. Fazer discípulos para Cristo – essa é nossa tarefa!

*O autor Luciano Costa. É pedagogo, pastoreia a Assembleia de Deus na cidade de Santana do Matos-RN. Coordena a EMITES – Escola Missionária de Treinamento Estratégico para o Sertão.
Contato: (84) 9.9939-1042 E-mail: luckcosta1@hotmail.com





BIBILOGRAFIA
Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida.
STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. Editora Ultimato. Viçosa-MG. 2010.
DEYOUNG, Kevin & GILBERT, Greg. Qual a Missão da Igreja? Editora Fiel. São José dos Campos-SP. 2012.
MEDEIROS, Ildemar Nunes. Missionários para o Sertão Nordestino- Desafios, capacitação e evangelização integral. Betel Publicações. João Pessoa-PB. 2013.
LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas. Editora Cultura Cristã. São Paulo. 2018.
GONÇALVES, Paulo. Evangelização – A Igreja na busca da Excelência da Evangelização. Módulo 3.  Print. Impressões Inteligentes. Cacoal – Rondônia. 2019.
WAGNER, Peter. Evangelização Dinâmica. Miami, Florida. Editora Vida. 1995.




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