Minha experiência com plantação de
igrejas no Sertão
Como
um jovem casal teve sua experiência de campo como plantadores de igrejas no
Sertão? Dentro de um contexto e cosmovisão assembleiana? Quais dificuldades
enfrentamos? Como Deus nos direcionou e nos guiou no processo de plantação de
igrejas?
Como se deu nossa ida para o campo
missionário rural
No
ano de 2007 eu concluía o curso de Pedagogia na UERN, muitos sonhos pairavam
sobre nossas mentes, pretendíamos ir morar na capital do estado, Natal e
começarmos a nos estruturar economicamente. Porém, Deus tinha outros planos
para nossa família que começariam a serem executados naquele mesmo ano.
Deus
já havia falado muitas vezes sobre nossa vocação para servir em missões como obreiro
de tempo integral (designação
utilizada para classificar àqueles obreiros que apenas servem no ministério
pastoral e/ou missionário, sem vínculos de emprego, ou outras fontes de renda),
isto é, que dependem inteiramente da obra de Deus.
Então
chegou esse dia, chegou o momento de deixar a parentela e assumir o chamado
missionário definitivo. Foi decisão difícil, mas tomada com muita alegria e
temor no coração.
Fomos
desafiados para plantar igrejas entre os assentados do INCRA no município do
Apodi-RN. Fomos morar em um assentamento rural por nome de Paulo Canapum, no
qual haviam apenas 15 residências. Todavia, nossa área missionária rural
compreendia mais outras três comunidades rurais: Assentamento Caiçara, Assentamento
Bregresso e Sítio Mulungú, esta área missionária rural ficava a 40 km da cidade
(todos do município de Apodi-RN).
Quando
ali chegamos, encontramos uma realidade complexa para um plantador de igrejas inexperiente
e sem treinamento. Não havia “templo” (igreja de concreto) construída, não
tínhamos terreno para construir e ali encontramos uma irmã cadeirante, um
menino de um dez anos e um casal de idosos no Sítio Bregresso que distava 10 km
de nossa nova moradia.
Com
esse contexto e uma forte resistência aos “crentes” começamos a desenvolver o
processo de plantação de uma nova igreja nessas comunidades. Então eu e minha
esposa e meu filho que na época tinha cinco anos, tínhamos diante de nós o
grande desafio de fazermos a obra de Deus crescer e prosperar naquele lugar, a
questão era como e por onde começar?
Como desenvolvemos nossa tarefa
missionária no sertão
Nossas
estratégias de plantio de igrejas eram bastante resumidas. Sem treinamento e
sem uma previa orientação sobre o que seria plantar igrejas no Sertão, nos
restava fazer o que fazíamos em nossa “igreja mãe”: fazer cultos
evangelísticos, visitas, evangelismo pessoal, e afins. Lembro-me de um dia que
peguei minha bicicleta (único transporte que dispúnhamos na época) e fui
“evangelizar” no Asssentamento Caiçara (a comunidade mais próxima que tínhamos,
uns 2 km de distância), que era uma vila com trinta casas de um lado e trinta
casas do outro, formando uma “avenida” no meio do mato. Contudo após subir por
uma e descer por outra “rua” ninguém quis ceder a casa para eu realizar um
culto à noite, tamanho foi o desapontamento, que dizia como os meus botões,
esse povo lá quer saber de Jesus, que povo duro, incrédulo.
Deus nos dá uma estratégia
Até
que num belo dia minha esposa tem um ideia! Vamos fazer o “Dia das Crianças” de
todas as crianças desse assentamentos! Pensei como se dará isso? Já que na
época vivíamos pela fé, e com meio salário mínimo de ajuda de custo da igreja
que nos enviara ao campo missionário e uma cesta básica?? Mas fomos a luta e
conseguimos pela fé realizar esse dia das crianças, com mais de 150 crianças
presentes e com lanche e presentes para todas elas! Foi um milagre de Deus!
Muitas pessoas contribuíram para que essa comemoração se tornasse realidade.
Pela primeira vez naquelas comunidades havia acontecido algo daquela magnitude
voltado para as crianças, e quem sabe ao ver a alegria e contentamento de seus
filhos, muito pais abrandaram seus corações para receber a visita e até mesmo
um culto pela família missionária recém chegada! E alguns destes, ainda antes
de encerrarmos vieram nos dizer: “Pastor,
nossa casa está à disposição para o sinhô ir fazer um culto quando quiser”!
Celebramos ao Senhor da Seara que nos dá estratégias para fazer a sua obra!
A melhor estratégia que encontramos
entre os sertanejos
Mas
a melhor estratégia eu descobri de uma forma despretensiosa! Toda tarde eu
pegava minha “caloi”, isto é, minha bicicleta e dava uma volta pelo
assentamento Paulo Canapum, para tomar café com os seus moradores e ouvir seus
“causos”. Isso me rendeu boas amizades e as portas foram se abrindo para também
pregar o Evangelho, resumindo a melhor estratégia é o relacionamento. E foi
através dessa convivência relacional que após um ano já tínhamos nessa
assentamento aproximadamente 25 pessoas congregando conosco na nova igreja.
Após um ano de atividades fomos transferidos pela nossa liderança, que na época
era o nosso pastor Isaac Dias. Embora não fosse nosso desejo sairmos daquele
processo de plantação de igrejas que segundo nossa concepção estava dando
certo.
(Luciano
Costa) 28 de junho de 2019
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