Uma religião folclórica para um novo tempo...
Uma religião folclórica para um novo
tempo...
Nos
primórdios da história da teologia cristã, sacerdotes, bispos, teólogos e
leigos levavam o estudo sistemático da Palavra de Deus a sério. Não negociavam
princípios doutrinários custasse o que custasse. Atualmente há uma valorização
exagerada da experiência em detrimento do conhecimento. Pedro já nos alertou: “
crescei na graça e no conhecimento...” (II Pe.3.18). Deveríamos considerar que,
“ A
teologia é inevitável na medida em que o cristão (ou qualquer outra pessoa)
procura pensar de modo coerente e inteligente a respeito de Deus. (...). Sem a
reflexão formal a respeito do significado do evangelho da salvação que é parte
da teologia, ele se degeneraria rapidamente para a condição de mera religião
folclórica e perderia toda a sua convicção da verdade e sua influência sobre a
igreja e a sociedade”. (OLSON. p. 14.
2001).
Corremos
o risco de nos lançarmos a uma espiritualidade destituída de conteúdo, inócua,
e sem fundamento bíblico.
A
substituição dessa “reflexão formal a respeito do significado do evangelho”, como
bem expressou Roger Olson, nos remete a uma igreja que marcha sem propósito.
Prega muito, mas sem fundamentação teológica, quer ser relevante para o mundo,
mas copia o modelo de sucesso do mesmo. Reivindica o sagrado para si, mas
compactua com o profano. Troca a glória de Deus, por glórias humanas. Enfim se
torna uma religião folclórica. Que vive de extremos, e ao que parece,
“ Nos nossos dias, porém, parece que o
pêndulo já chegou à extremidade oposta, já que muitos cristãos sabem pouco ou
nada a respeito das doutrinas cristãs ou de como e por que se desenvolveram. O
cristianismo está correndo o risco de se tornar uma religião folclórica de
culto terapêutico e sentimentos pessoais”. (OLSON. p. 17. 2001).
É
sabido que os falsos profetas aproveitarão essa falta de conhecimento (Os 4.6),
para disseminar seus falsos ensinos e suas heresias. Mas o que caracteriza um
culto dessa religião folclórica? Pus-me a refletir sobre como seria esse culto,
que elementos compõem o mesmo, e cheguei a seguinte conclusão:
·
É um culto onde o homem está no centro,
antropocêntrico;
·
Onde a performance do líder dita o ritmo e que
tipo de adoração acontece no mesmo;
·
É um culto terapêutico (não que não o deva ser,
Deus faz maravilhas no meio de seu povo), mas o cerne do mesmo é bem-estar e a
prosperidade do homem e não a glória de Deus;
·
É um culto no qual a teatralização é o forte,
carregado de simbolismos e de intervenções de quem o dirige;
·
É ritualístico, cheio de ritos de passagem,
criados com finalidades específicas;
·
É um culto no qual o sensacionalismo e o
“duelo” do Bem com o mal, é evidenciado e explorado com shows de exorcismos e
de uma práxis mítica e etc.
·
Não há espaço para a exposição da Palavra, no
lugar são decretados “atos proféticos”, e determinações coletivas;
·
Atenção está voltada para algo, algum objeto,
algum “ponto de contato” e não para Cristo, este às vezes é apenas mencionado,
mas a ênfase é noutra coisa;
Enfim,
como disse, é uma religião folclórica, onde a forma é mais relevante do que o
propósito; no qual há a determinação do “sagrado” através de lugares, de “ dias
específicos”, de determinadas ações programadas pelo homem, nas quais Deus “
está obrigado” a comparecer e cumprir com o seu papel, já bem determinado pelo
homem!
Concluo,
com esse pensamento, que fiz há algum tempo: "
Se não voltarmos para a Palavra de Deus, iremos sim praticar uma religião
folclórica e uma espiritualidade popular, que nos manterá no engano e nos
levará ao fanatismo!"
Fonte citada: OLSON, Roger. História da Teologia Crista – 2000 anos de tradição e reformas.
Editora Vida. São Paulo. 2001)
Luciano Costa – É Pedagogo, pesquisador da História da Igreja e do
Pentecostalismo no Brasil. Atua há 9 anos plantando igrejas no Sertão do RN. Casado
com Jussária Morais e tem um filho Lucas Ezequiel. Hoje lidera a Assembleia de
Deus na cidade de São José do Seridó/RN
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