UMA COMUNIDADE MISSIONÁRIA CENTRADA NO EVANGELHO.
UMA
COMUNIDADE MISSIONÁRIA CENTRADA NO EVANGELHO.
Ev.
Luciano Costa
INTRODUÇÃO:
Há tantas igrejas que estão “fazendo missões”, sem contudo, pautar sua visão e
ação missionária nos pressupostos bíblicos teológicos que a missão de Deus
pressupõem. Nossa ação missionária deve estar pautada e conduzida pelo
entendimento do evangelho que abraçamos (convicção e confissão de fé), que
proclamamos (evangelização) e que ensinamos (evangelização e discipulado), e
que a mesma seja genuinamente bíblica (teologicamente coerente com a Palavra de
Deus).
Consideremos uma
característica definitiva de uma comunidade centrada no evangelho: “A comunidade centrada no evangelho é uma
comunidade que alcança outras pessoas
como Deus a alcançou”.
Nenhuma igreja pode se
utilizar dos recursos que Deus dispôs para ela, apenas para seu próprio
usufruto, é uma usurpação! Ela é uma igreja enviada e deve estar em missão,
falhamos sempre que não compreendemos qual é a nossa identidade e para o que
fomos chamados? Investimos onde Deus não mandou e ampliamos o que ele não nos
mandou ampliar, enquanto isso, os campos estão brancos, missionários treinados
esperam ser enviados, outros aguardam a complementação de seu sustento...
I
– O QUE É UMA COMUNIDADE CENTRADA NO EVANGELHO?
a) Uma comunidade que reflete o
evangelho em sua vida diária.
Em seus relacionamentos, em suas
famílias, vivendo Coram Deo. Para
refletir o evangelho em suas relações do cotidiano a igreja precisa ter uma
cosmovisão bíblica, não dicotomizada de sua vida com Deus. (Atos 2.44;46;32)
b) Uma comunidade que se reúne para
aprender sobre o evangelho.
John Stott falando
sobre essa característica aponta: “A
primeira característica que Lucas menciona é muito surpreendente; acho que nós
não a teríamos escolhido. É que uma igreja viva é uma igreja que aprende. “Eles
se dedicavam ao ensino dos apóstolos” (At 2.42).
c) Uma comunidade que tem a alegria
das boas novas compartilhada. Se a igreja não encontra espaço para compartilhar o evangelho durante a
semana [em seus relacionamentos casuais], e deixa apenas algum momento no
domingo para “evangelizar”, ela se imagina com um dever de anunciar em algum
momento, mas não se percebe como uma igreja em essência querigmática. (Atos 5.42; 6.7)
d) Uma comunidade que discípula os
seus convertidos.
Muitas vezes achamos que nossa
missão evangelizadora é concluída quando alguém aceita a Cristo, o processo apenas
começou, mas a pessoa não conhece [aprendeu sobre o que é o evangelho] ainda o
evangelho que abraçou pela fé, ela precisa ser ensinada a guardar essa nova
verdade revelada por Deus no evangelho, como ela vai praticar um evangelho que
desconhece? (Atos 8.29-31).
e)
Uma
comunidade que treina os seus vocacionados. Nem sempre damos a devida atenção aos
vocacionados que temos na comunidade. Só atentamos para os “chamados
específicos” que são reconhecidos como missionários, ou pastores que assumirão
trabalhos ou serão enviados (Efésios
4.11-12). E os vocacionados que sempre teremos na comunidade? Como viverão
seus chamados? Quem são eles? Como serão treinados e oportunizados no desenvolvimento
de seus dons e talentos? [Procuremos
entender no mesmo texto o que Paulo quis dizer com “...querendo o APERFEIÇOAMENTO
dos santos, para a OBRA DO MINISTÉRIO, para a EDIFICAÇÃO do corpo de Cristo,
até que TODOS cheguemos à UNIDADE da fé...(...) para que não sejamos mais
meninos inconstantes... (...) antes SEGUINDO a VERDADE em AMOR, CRESÇAMOS em
TUDO naquele que é a cabeça, Cristo”]. (Efésios 4.11-15).
f)
Uma
comunidade que envia missionários, porque ela tem consciência que é enviada.
Temos que acabar com essa visão mesquinha
que o envio de missionários para plantar novas igrejas é coisa para igrejas
grandes, que tem muitos recursos! Plantação de novas igrejas é um processo
natural para igrejas saudáveis e espiritualmente conscientes de sua missão.
Podemos plantar uma nova congregação no bairro de nossa cidade aonde ainda não
tem uma igreja acessível, naquela comunidade rural do nosso município e vamos
ampliando o campo de atuação, conforme a visão e o envolvimento da igreja
cresce. (João 20.21). [“Sempre fiz questão de pregar o Evangelho onde Cristo
ainda não era conhecido...”
(Romanos 15.20 BKJ).
g) Uma comunidade que se envolve com a
plantação de novas igrejas, sem contudo, se deter em suas próprias limitações. “A plantação de igrejas tem se mostrado o meio mais eficiente para a
divulgação e perpetuação do evangelho em várias culturas, contextos e
realidades. Somente a proclamação e a evangelização não podem subsistir sem que
haja um grupo de pessoas que se reconheçam e se percebam como igreja. Oração,
evangelização, evangelismo, discipulado, batismo, ensino contínuo da Palavra de
Deus são meios legítimos pelos quais uma igreja é plantada, mas se tudo isso
não resultar em plantação de novas igrejas, perde-se os seus resultados ao
longo do caminho”! (Luciano Costa). [Há igrejas com 50 anos de existência, mas
que nunca geraram nenhuma filha! Qual a questão? Outras há que tem apenas três
anos de existência e já estão gerando filha(s).]
h)
Uma
comunidade que entende qual o propósito da adoração em sua vida e missão.
A adoração não é um evento que
participamos, a adoração nessa comunidade está refletida nos compromissos com a
santidade, amor mútuo, na alegria do serviço cristão prestado com a motivação correta,
a glória de Deus. O próprio culto culmina nesse ambiente saudável, onde os
talentos e dons apenas são meios que glorificam a majestade divina e não o ego
humano. Ninguém reclama de uma oportunidade que não teve, pois ao sair de sua
casa para o ajuntamento essa pessoa já sabe quem é em Cristo, e o que ela fará
na ambiência da reunião de adoração. Ela simplesmente adora e se voluntaria
para servir! Não busca outra glória, somente a glória de Deus e louvá-lo! [Louvando
a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor
à igreja aqueles que se haviam de salvar”. (Atos 2.47)].
II – ALGUNS CONCEITOS EQUIVOCADOS
SOBRE A MISSÃO.
Com
o intuito de compreendermos melhor esse termo, precisamos analisar alguns
conceitos equivocados que ao longo dos anos tem estado na ambiência evangélica.
(Conceitos equivocados porque não compreendem a plenitude da missão, mas a
fragmenta e a diminui)
1-
“A palavra missionário só se refere
a quem recebeu o chamado especial de Deus para se dirigir a outras culturas e
pregar o evangelho.” (Extraído do livro “A Comunidade
Centrada no Evangelho”. Fiquei recentemente sabendo através de uma jovem que
está fazendo uma escola de missões, que é essa compreensão que e ensinada lá.
2-
O
desafio de motivar os vocacionados a viverem seu chamado aonde estão e aonde
forem. Que esse chamado esteja presente em sua própria
profissão e capacitação, que ele seja exercido no púlpito ou nas ruas, nos
corredores de um hospital, ou em uma sala de aula, ou numa creche, ou em um
asilo para idosos, o relevante é sermos fieis mordomos daquilo que Deus nos deu
e nos proporcionou! Não nos preocupamos com os “outros” vocacionados”, pois essa
“vocação” é secular e por isso não é sagrada a ponto de ser tratada como algo
de Deus!
3-
Que
o envio missionário é para super-heróis, missionários enviados são seres
“angelicais” santos de um outro nível.
IV
– COMO PRATICAMOS NOSSA CENTRALIDADE NO EVANGELHO ONDE ESTAMOS INSERIDOS?
a)
Qual o nosso nível de
relacionamento com as pessoas de fora de nossa comunidade cristã? Quero trazer
alguns pontos que estão no livro “A
Comunidade Centrada no Evangelho”:
b)
“Todas
as pessoas do nosso grupo mantêm amizades genuínas com não cristãos? (O ponto
não é se você, em particular, chamaria não cristãos de amigos, mas se eles o
chamariam de amigo).
c)
“Nosso
grupo cria espaço para que esses relacionamentos ocorram? Somos um grupo de
cristãos isolados que vivem de forma individual ou vivemos juntos em missão?
Conhecemos os amigos não cristãos dos nossos amigos?”.
d)
“A
linguagem que utilizamos é acessível aos de fora? Ou nossas conversas são
regadas a jargões cristãos, piadas internas ou referências à igreja que fazem
sentido apenas à nossa tribo?”.
e)
“Reunimo-nos
em lugares que os não cristãos consideram hospitaleiro e acolhedor? Existe
alguma coisa sobre o local, o período ou a dinâmica do nosso encontro que
tornaria difícil a participação de alguém de fora?”.
f)
“Participamos
de modo ativo da vizinhança em que nos reunimos? Ou apenas nos encontramos
nesse lugar, estudamos a Bíblia e em seguida vamos embora novamente? Os não
cristãos nos veem trabalhando para o bem da vizinhança ou cuidamos apenas das
necessidades do nosso grupo?”.
g)
Qual
o nosso envolvimento na missão de Deus a outros lugares e culturas (enviando
pessoas ou indo)? [Extraído do Livro A Comunidade Centrada no Evangelho].
FINALIZANDO ESSA
ABORDAGEM (não concluindo a temática).
Uma Comunidade
Missionária Centrada no Evangelho é uma igreja que prima pelo conhecimento e
ensino e proclamação do Evangelho, pela koinonia, e pelo serviço abnegado pela
causa de Cristo. Há alegria no servir, a adoração não é um fardo ou uma agenda
de domingo. Há crescimento espiritual e quantitativo na mesma. É uma igreja de
visão e ação. Gerando vidas e multiplicando-se por onde quer que for!
FONTES
CONSULTADAS
Bíblia Sagrada. Versão
BKJ.
THUNE, Robert H. &
WALKER, Will. Comunidade Centrada no
Evangelho. Editora Vida Nova. São Paulo. 2017.
STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno.
Editora Ultimato.Viçosa-MG. 2010.
STOTT, John. A Igreja Autêntica. Editora
Ultimato/ABU Editora. São Paulo. 2013.
* Luciano Costa é
pastor de tempo integral na Assembleia de Deus na cidade de Santana do
Matos-RN. Pedagogo –UERN. Atualmente está fazendo o Curso Intensivo Plantador
de Igrejas da Atos 29. Coordena a EMITES (Escola Missionária de Treinamento
Estratégico para o Sertão). Há doze anos atua na plantação e revitalização de
igrejas no Sertão do RN.
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