Os paradoxos do Protestantismo e dos Pentecostalismos no Brasil
Os paradoxos do Protestantismo e dos Pentecostalismos no Brasil
A
realidade brasileira quanto a religiosidade é bastante diversificada, complexa,
heterogênea, acessível, e com rápido processo de mudanças-inovações. Não
poderia ser diferente, com três vertentes em sua origem: o animismo indígena, o
culto afrodescendente e o catolicismo europeu, tendo ao longo da história se
entrelaçados, acabou por gerar um povo que vive o sincretismo no culto, na
cultura, no conhecimento e por fim na vida.
Quando o jesuítas aqui chegaram
com o propósito de “catolizar” os indígenas nativos que embora não conhecesse o
Deus por eles trazido, contudo já tinham a sua cosmovisão e realizavam seus
rituais para aplacar a ira dos “deuses” da floresta. Estes foram forçados a dobrar-se
antes a cruz, embora não soubesse o que esse novo “totem” representava. Foram
vestidos de uma nova religião estranha aos seus antepassados. Foi a custo de
muito sangue que eles ficaram sabendo que Jesus havia vertido o seu próprio
sangue na cruz do Calvário.
No século XIX, começa o que os
historiadores chamam de “Protestantismo de imigração”, isto é, os colonizadores
que vieram para explorar o novo continente e a nova terra recém descoberta,
também traziam em sua bagagem a Bíblia e a tradição Reformada do
Protestantismo. [Os primeiros imigrantes protestantes que o Brasil recebeu
foram, naturalmente, o grupo huguenotes franceses liderados pelo vice-almirante
Nicolau Durand de Villegaigon que foi expulso em 1567. Os holandeses também
mantiveram uma colônia, por umas poucas décadas, de 1624 a 1649]. Contudo, o
trabalho realizado pelos protestantes imigrantes era limitado, voltada para
etnias, grupos étnicos: luteranos, a Igreja Reformada Holandesa, ente outros.
Nesse contexto era difícil o crescimento do Evangelho em nossa nação. A
semelhança dos jesuítas, estes protestantes também abriram suas escolas,
ensinaram aos seus filhos aqui nascidos a cultura e a língua de seus
respectivos países. Ainda não havia abertura para o Evangelho adentrar a
cultura tupiniquim, pois os cultos eram realizados na língua dos missionários estrangeiros,
estes deviam manter os seus cultos em suas próprias residências, não podiam
construir igrejas, nem lugares que denotassem a prática de uma religiosidade
que não fosse a predominante, a Católica de Portugal.
Chega o século XX, que iria
mudar de uma vez por todas a história da religiosidade do brasileiro. É no
início desse século que começa o Grande Avivamento na América, no qual explode
um dinâmico movimento missionário que iria incendiar as nações com a chama
pentecostal. Após receberem o batismo com Espírito Santo, nos EUA, missionários
oriundos do avivamento da Rua Azuza, em Londres, deixaram suas pátrias e
seguiram a direção que o Espírito Santo lhe indicava.
Se o Catolicismo e o
Protestantismo aqui existentes não atendiam aos anseios das camadas populares
da sociedade, o pentecostalismo chega a boa hora para suprir essa lacuna. Era
uma nova forma de vivenciar a religiosidade, de maneira acessível, menos
rebuscada, sem muita burocracia. Já havia os cultos afro-brasileiro, mas com
muitas restrições, chegavam a ser caso de polícia, a missa era realizada em
latim, e os cultos protestantes em línguas estrangeiras.
Com a chegada desse novo culto,
que na verdade não era totalmente outro, senão uma inovação que relaciona
catolicismo popular com pressupostos da Reforma Protestante e com a práxis espiritual do Grande Avivamento,
mais uma vez vemos o sincretismo aqui presente. De forma que a história da
religiosidade do brasileiro segue, vestindo nova roupagem para uma velha
prática já conhecida, apenas modificada para atender a uma constante
necessidade de inovar o sagrado e trazer o passado de uma forma “absurdamente”
nova.
O sincretismo é combatido no
ensino, mas não é totalmente deixado de lado na práxis. Como assim? Você
poderia me questionar. Talvez essa característica esteja tão arraigada em nossa
cultura, em nossa cosmovisão que nem percebamos o quanto ela é presente em
nossa vida. Para citar um exemplo: analisemos as práticas da Igreja Universal
do Reino de Deus (IURD).
Esse grupo religioso utiliza-se
da “guerra” aos cultos afro-brasileiros para promover o eu “evangelismo”
agressivo. Talvez os seus adeptos nem percebam a relação que há entre o que
eles combatem e o que eles inserem em seus cultos, que o mesmo usa “objetos
sagrados”, (lenços ungidos, sal grosso, entre outros) componentes que também
são utilizados no Catolicismo e no Culto afro-brasileiro. Mais uma vez o
sincretismo, está presente e é parte da liturgia do culto, que embora não tenho
muito cunho teológico, a liturgia assume esse espaço da reflexão
Bíblico-teológica. Nessa perspectiva o mal pode estar presente em vários
aspectos da vida do visitante ao culto da IURD. Este mal poderá ser “expulso”
com a utilização do sagrado que é repassado em seus locais de trabalho, nessa
linguagem eles fazem “trabalhos” espirituais para desfazerem “trabalhos”
espirituais, que foram realizados no centro de macumba.
Embora originários de uma mesma
corrente, a Reforma Protestante, o protestantismo histórico e o pentecostalismo
não caminharam juntos. Ao longo da história de ambos, sempre houve um debate
acirrado entre os cessacionistas e àqueles que creem na continuidade dos dons
do Espírito Santo. As poucas diferenças teológicas causaram muitas dissensões,
e passaram separar quem na verdade deveria estar bem perto. Já com o
Catolicismo Romano que antes realizou verdadeiras inquisições ideológicas
contra os protestantes, depois do Concílio Vaticano II, realizado na década de 60,
propõem diálogos como “irmãos separados”, com o intuito de enfraquecer a
evangelização protestante na América Latina. Mais uma vez percebemos o
sincretismo presente na proposta do Papa João XXIII.
Assim, sendo os paradoxos sempre
surgirão na história da religiosidade do brasileiro. Que seja o sincretismo
religioso do catolicismo com outras religiões, quer seja traços desse
sincretismo no pentecostalismo e as religiões afro-brasileiras. É algo que está
presente em nossa cosmovisão ao longo da história da religião em solo
brasileiro. Hoje se fala em aproximação de protestantes históricos e de
pentecostais do diálogo com o Vaticano, de uma convivência inter-religiosa,
tudo isso são resquícios do sincretismo do nosso tronco, de mossa matiz
religiosa, indígena, africana e europeia, e na sequência, a americana com o
pentecostalismo.
Este com certeza foi o que mais
se adaptou a religiosidade do brasileiro. Por ser um movimento que absorveu
traços de religião popular, pelo fácil acesso aos seus “bens simbólicos do
sagrado”, pela espiritualidade do Espírito, pela sua inserção nas camadas
sociais menos favorecidas no seu início. A pentecostalidade envolveu até mesmo
o Catolicismo Romano, que na década de 60 começou a sua Renovação Carismática
na busca-tentativa de vivenciar (ou impedir o crescimento) do pentecostais
evangélicos. Não é preciso dizer que mais uma vez o sincretismo se mostra como uma
faceta do povo tupiniquim; se fossemos enumerar as muitas manifestações do
mesmo em nossa espiritualidade levaria muitas páginas, contudo, o propósito
aqui é promover o debate, a criticidade sobre o tema. Acredito que essa
introdução pode ter despertado o seu olhar sobre o assunto.
Luciano Costa
28 de novembro
de 2014
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Culto Evangelístico realizado na Congregação que vai ser inaugurada dia 16 de dezembro de 2014.
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Assim é o Sertão... terra querida! Povo que não desiste! ( Visita a Congregação do Sítio Paul. 26/11/2014)
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Ações que realizamos:
1- Palestras de mobilização e treinamento Missionário;
2- Realizamos conscientização Missionária em igrejas, com palestras;
3- Acompanhar Missionários Rurais que estão em atividade no campo, com visitação apoio e incentivo às suas respectivas famílias;
4- Levantar parceiros para ajudar obreiros que estão trabalhando de tempo integral no Sertão;
5- Despertar o maior número possível de vocacionados para atender ao Sertão, bem como envolver mais igrejas nessa visão Missionária;
6- Levantar parceiros para apoiar no envio de jovens e de casais para treinamentos;
7- Doação de cestas básicas para famílias carentes no Sertão, é uma alegria ver a expressão de contentamento quando o socorro chega e não há nada na casa de uma família carente.
1- Treinar Vocacionados
2- Plantar igrejas
3- Fazer discípulos
3- Fazer discípulos
Ações que realizamos:
1- Palestras de mobilização e treinamento Missionário;
2- Realizamos conscientização Missionária em igrejas, com palestras;
3- Acompanhar Missionários Rurais que estão em atividade no campo, com visitação apoio e incentivo às suas respectivas famílias;
4- Levantar parceiros para ajudar obreiros que estão trabalhando de tempo integral no Sertão;
5- Despertar o maior número possível de vocacionados para atender ao Sertão, bem como envolver mais igrejas nessa visão Missionária;
6- Levantar parceiros para apoiar no envio de jovens e de casais para treinamentos;
7- Doação de cestas básicas para famílias carentes no Sertão, é uma alegria ver a expressão de contentamento quando o socorro chega e não há nada na casa de uma família carente.
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